São Paulo – Estudantes de engenharia de cinco Estados da região Nordeste - Bahia, Paraíba, Pernambuco, Maranhão e Sergipe – projetaram e construíram carros de alto desempenho para concorrer ao pódio da Competição Fórmula SAE BRASIL, de 28 de novembro a 1º de dezembro, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo, Piracicaba, Interior paulista.
O Nordeste será representado na competição 2019 por nove equipes de oito universidades, inscritas nas categorias Combustão e Elétrica. Em 2018 foram 6 as equipes nordestinas inscritas, dos estados da Bahia, Maranhão e Paraíba.
De âmbito nacional, a Competição Fórmula SAE BRASIL reunirá ao todo 70 equipes, com 48 carros movidos a combustão e 22 elétricos. Os carros são projetados e construídos pelos próprios estudantes universitários, orientados por professores de suas respectivas instituições de ensino.
As equipes que obtiverem as melhores pontuações na etapa brasileira representarão o Brasil na competição mundial promovida pela SAE International, nos Estados Unidos em 2020.
Destaques - Paraíba– A equipe Fórmula UFPB, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é veterana na competição e participa consecutivamente desde 2010 na categoria Combustão. O foco do projeto este ano está na confiabilidade e baixo custo de construção, com aplicação de novos componentes, substituição de materiais e processos de fabricação na própria universidade. De acordo com Radne Rathge Amorim, 21 anos, estudante do 7º período do curso de Engenharia Mecânica e líder da equipe, a principal inovação é o sistema eletrônico de troca de marchas. “Nossa aposta foi otimizar o desempenho por meio do design, com adição de sidepods para facilitar a aerodinâmica, e de trocas de marchas mais efetivas nas provas dinâmicas, principalmente o enduro”, aponta. A UFPB inscreveu também uma equipe na Categoria Elétrica.
A equipe Scuderia UFCG, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), também inscrita na Categoria Combustão, investiu nos quesitos durabilidade, peso, segurança, e baixo custo de construção. “Procuramos alcançar esses objetivos em cada etapa do projeto, com responsabilidades divididas na equipe para cada subsistema”, explica Wendell Lima Araújo, 23 anos, capitão da equipe e estudante do 9º período do curso de Engenharia Mecânica. Segundo Wendell, a principal inovação é o uso de PETG (polímero que oferece liberdade de projeto e fabricação) na confecção do sistema de admissão do carro, com o que se espera alto desempenho e melhor aproveitamento da potência do motor.
Bahia – A equipe Kamikaze Racing Team UFBA, da Universidade Federal da Bahia (UFB), privilegiou a robustez, confiabilidade e baixo custo de manufatura no projeto. “Aperfeiçoamos o carro anterior na redução de peso e aquisição eletrônica de dados para torná-lo mais robusto”, diz o capitão Filipe Gomes Lima, 22 anos, aluno 8º semestre de Engenharia Mecânica. Entre os pontos fortes do carro destaca a sensibilidade ajustável à direção, entre under e oversteering, que facilita a manobrabilidade e a estabilidade, além da redução na transmissão que garante torque suficiente para retomadas rápidas.
Maranhão – A equipe Vórtex Racing da Universidade Estadual do Maranhão, única inscrita do Estado, participa pela primeira vez com carro na competição nacional. “Fazer parte desse projeto é importante para a formação profissional e desenvolvimento da prática e gestão”, diz o capitão Ronny Sousa Silva, 22 anos, 8º período do curso Engenharia Mecânica. Boa dirigibilidade e alta capacidade na realização de manobras são os destaques do projeto, desenvolvido integralmente pela equipe na própria universidade.
Carros – Os carros Fórmula SAE a combustão têm motores de quatro tempos e capacidade volumétrica máxima de 710 cm³. Já os elétricos são tracionados por motores elétricos, alimentados a partir de baterias de até 600 volts, com autonomia de pelo menos 22 km. Na competição, a recarga das baterias é realizada em carga lenta, em área com alto nível de segurança.
História – Os carros Fórmula SAE surgiram nos Estados Unidos, em 1981. As competições de veículos a combustão são realizadas em diversos países, além de Brasil e Estados Unidos, como Alemanha, Austrália, Áustria, Espanha, Hungria, Inglaterra, Itália e Japão. O Brasil ingressou no circuito em 2004, com o objetivo de fomentar nos estudantes de graduação e pós-graduação de engenharia a especialização técnica em veículos de alto desempenho, de acordo com as regras definidas pela SAE International. O Brasil integrou o grupo Top Ten duas vezes, na disputada competição da categoria nos Estados Unidos. Já as competições de veículos elétricos são realizadas na Alemanha, Austrália, Inglaterra e Itália, além de Brasil e Estados Unidos. O Brasil ingressou no circuito em 2012, com o objetivo de ampliar o conhecimento técnico na área de motores 100% elétricos das novas gerações de engenheiros, responsáveis pelas tendências da engenharia. Na categoria, o Brasil é bicampeão nos Estados Unidos.
“Os programas estudantis da SAE BRASIL motivam os jovens à carreira de engenharia e lançam desafios encontrados na prática profissional que levam muito além do conhecimento acadêmico adquirido na sala de aula”, analisa o engenheiro Mauro Correia, presidente da SAE BRASIL.
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