São Paulo - Estudantes de engenharia dos Estados da Bahia, Paraíba, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal trabalham os últimos detalhes dos carros de alto desempenho, que deverão representar a região Nordeste e Centro-Oeste na 15ª Competição Fórmula SAE BRASIL. A disputa será realizada de 28 de novembro a 2 de dezembro, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), em Piracicaba, SP.
Do total de 69 veículos inscritos na competição nacional, 52 são movidos a combustão e 17 elétricos, todos projetados e construídos por universitários dentro das instituições de ensino, sob orientação de professores. Os estudantes representam instituições de ensino superior das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste Sudeste e Sul do País, e de quatro países - Colômbia, Peru, Venezuela e México.
A região Nordeste inscreveu 6 equipes neste ano, 2 da Bahia, 3 da Paraíba e uma do Maranhão, e a região Centro-oeste inscreveu 5 equipes, 3 do Distrito Federal, uma de Mato Grosso e uma de Mato Grosso do Sul.
Distrito Federal – A equipe Apuama Racing, da Universidade de Brasília (UnB), que se classificou entre os Tops 10 da competição Fórmula na categoria combustão em 2016, apostou em quesitos como robustez, com a adição de componentes fabricados com materiais mais resistentes, confiabilidade, com a intensificação de validações e testes, e segurança, com chassi mais rígido e alterações na dinâmica do carro. “O protótipo AF18 tem motor CB600F, com potência de 86hp e acelera de 0 a 100 km/h em aproximadamente 4,5s, sua estrutura é um chassi tubular de aço SAE1020 e o pacote aerodinâmico tem asas traseiras e dianteiras, bico e capô fabricados em fibra de carbono; uma das principais inovações da equipe em 2018 foi o uso da otimização topológica” explica Ana Beatriz dos Santos Gonçalves, capitã organizacional da equipe, 24 anos, estudante do 12º semestre de Engenharia de Produção.
Ainda na categoria combustão, o Distrito Federal será representado pela equipe estreante Alpha Crucis Scuderia, do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF).
Bahia – A equipe Kamikaze Racing Team UFBA, da Universidade Federal da Bahia (UFB) construiu um carro a combustão totalmente novo para a competição de 2018, que foi projetado para ser de baixo custo e confiável. “O projeto foi norteado por parâmetros de segurança, estética e de facilidade de manutenção do carro. Optamos por materiais de baixo custo e fácil aquisição, como ligas de aço e fibra de vidro”, diz o capitão Adaltro Luiz Ribeiro Silva Filho, 22 anos, 6º semestre de Engenharia Mecânica. Segundo o estudante a principal inovação do projeto foi o uso de gabaritos 3D para fabricação de estrutura e componentes de suspensão. O carro diminuiu 10 kg em relação ao do ano passado, o que corresponde à redução de cerca de 3% no peso.
Paraíba – A equipe Fórmula E UFPB, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) participa da competição pela terceira vez. “Nosso carro foi concebido levando como princípio básico a sustentabilidade e alta performance, é um dos primeiros a posicionar as baterias na parte inferior, layout que dá melhor distribuição do peso e baixa o centro de gravidade, melhorando parâmetros como estabilidade e dirigibilidade” destaca o capitão Sammuel Arruda Teixeira, 23 anos, aluno do 6º período Engenharia Elétrica. A estrutura do carro e o pack de baterias, feitos em aços de diversas especificações além de outros materiais como alumínio, fibra de carbono, fibra de vidro e vários tipos de polímeros aplicados em outros pontos do veículo, contribuíram para a redução de 30kg em relação a 2017.
Carros – Os carros Fórmula SAE a combustão têm motores de quatro tempos e capacidade volumétrica máxima de 710 cm³. Já os elétricos são tracionados por motores elétricos, alimentados a partir de baterias de até 300 volts, com autonomia de pelo menos 22 km. Na competição, a recarga das baterias é realizada em carga lenta, em área com alto nível de segurança.
História – Os carros Fórmula SAE surgiram nos Estados Unidos, em 1981. As competições de veículos a combustão são realizadas em diversos países, além de Brasil e Estados Unidos, como Alemanha, Austrália, Áustria, Espanha, Hungria, Inglaterra, Itália e Japão. O Brasil ingressou no circuito em 2004, com o objetivo de fomentar nos estudantes de graduação e pós-graduação de engenharia a especialização técnica em veículos de alto desempenho, de acordo com as regras definidas pela SAE INTERNATIONAL. O Brasil integrou o grupo Top Ten duas vezes, na disputada competição da categoria nos Estados Unidos. Já as competições de veículos elétricos são realizadas na Alemanha, Austrália, Inglaterra e Itália, além de Brasil e Estados Unidos. O Brasil ingressou no circuito em 2012, com o objetivo de ampliar o conhecimento técnico na área de motores 100% elétricos das novas gerações de engenheiros, responsáveis pelas tendências da engenharia. Na categoria, o Brasil é bicampeão nos Estados Unidos.
“Os programas estudantis da SAE BRASIL motivam os jovens à carreira de engenharia e lançam desafios encontrados na prática profissional que levam muito além do conhecimento acadêmico adquirido na sala de aula”, analisa o engenheiro Mauro Correia, presidente da SAE BRASIL.
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