São Paulo – Universitários de 14 instituições de ensino superior de sete Estados do Nordeste estão na reta final para a 23ª Competição Baja SAE BRASIL, de 9 a 12 de março, em São José dos Campos-SP. São 15 as equipes inscritas, quatro delas de Pernambuco, Estado vice-campeão na competição de 2016. Bahia e Rio Grande do Norte inscreveram três equipes cada um; Paraíba conta duas equipes e Maranhão e Piauí, uma equipe cada.
De âmbito nacional, a competição tem este ano, com 88 equipes inscritas e 1.836 estudantes de engenharia e professores (orientadores) de todas as regiões do Brasil, número recorde em sua história. Cada equipe trabalha no desenvolvimento e construção de um veículo off road (Baja SAE), que será submetido a avaliações estáticas e dinâmicas durante a competição. As três instituições de ensino que alcançarem as melhores pontuações na soma geral de todas as provas poderão representar o Brasil na Baja SAE Kansas, que será realizada de 25 a 28 de maio, em Pittsburgh, EUA.
Alagoas – Única representante do Estado, a equipe Bode Guerreiro Baja, da Faculdade Pitágoras (Maceió), apostou na otimização dos sistemas de tração e suspensão e também na redução de peso do protótipo. “Esperamos ficar entre os 20 primeiros colocados”, diz Tarcísio Dantas, capitão da equipe, que usou metodologias, como a FMEA (Failure Modes and, Effects Analysis) para identificar potenciais modos de falha e avaliar riscos no projeto do carro. “O projeto está mais produtivo e com custos reduzidos”, aponta Tarcísio.
Bahia – Veterana na Baja SAE BRASIL (participa desde 2001), a equipe Carpoeira Baja, da Universidade Federal da Bahia, investiu na redução de massa do protótipo OGUM, para ganhar velocidade. “Utilizamos PET na carenagem, substituindo o PVC, para dar um caráter sustentável ao projeto”, explica o capitão Lucas Calmon dos Santos, 28 anos, 4º semestre de engenharia mecânica. Para obter leveza, os componentes foram redimensionados. O consumo foi mapeado e a aerodinâmica otimizada.
Maranhão – Na expectativa de boa classificação a equipe Bumba Meu Baja, da Universidade Estadual do Maranhão, participa da competição pela 5ª vez. Para isso, desenvolveu nova estrutura para o chassi e remodelou a suspensão do carro, além apostar em nova caixa de transmissão e na eletrônica. O time, composto por 16 estudantes, usou tubos de aço cromo molibdênio, liga mais resistente que o aço-carbono que facilita construção de estruturas com menor espessura, mais leves, e chapas de alumínio. “Confiamos em nossas pesquisas e estamos testando o carro continuamente”, diz Heloyane Bezerra, 24 anos, estudante do 8º período, do curso engenharia mecânica.
Paraíba – Composta por 20 estudantes, a equipe Parahybaja, da Universidade Federal de Campina Grande, aponta como diferenciais do projeto a manobrabilidade e a robustez dos elementos da suspensão, além da eletrônica embarcada acompanhada de telemetria, botão de emergência no volante e comunicação via rádio entre equipe e piloto. “Melhoramos a geometria de suspensão e direção por meio de software CAD/CAE para reduzir esforços de esterçamento, garantir estabilidade dinâmica e conforto operacional”, detalha Fábio Kayk Ribeiro, 23 anos, 9º período de engenharia mecânica. A equipe também estuda solução para amenizar o efeito da vibração do motor no chassi do carro.
Pernambuco – Com 13 estudantes, a equipe Bajagreste, do Instituto Federal de Pernambuco, é estreante na competição nacional, mas participa da Etapa Nordeste desde 2014. “É importante e o aprendizado é grande, sem falar da troca de informações com estudantes de fora”, declara o capitão da equipe, Lucas Henrique, 22 anos, 9° período de engenharia mecânica. O protótipo foi totalmente modificado: o sistema de transmissão passou por redução linear de engrenagens de dentes retos para maior aceleração e agilidade do protótipo; o sistema de suspensão traseiro Swing Axle foi substituído pelo Semi Trailing Arm para maior altura do assoalho em relação ao solo e minimização de efeitos negativos do modelo anterior; o chassi teve a estrutura modificada para maior rigidez e adequação ao piloto. No quesito dirigibilidade, a distância entre eixos foi diminuída e a geometria de Ackerman otimizada.
O baja da equipe Corisco, da Universidade de Pernambuco, traz como diferenciais a suspensão swing axle, leve e de fácil construção; juntas universais projetadas pela equipe, GPS para aquisição de velocidade e mapeamento do trajeto; telemetria, sistema de armazenamento de dados com capacidade para 8 Gb e amortecedores pneumáticos reguláveis. A equipe usou tecnologia laser e acelerômetro na construção do carro para obter qualidade no corte de chapas; e telemetria para aferição de aceleração e velocidade, com equipamentos desenvolvidos pelos estudantes, entre outras tecnologias. O capitão Allan Rafael Santana, 22 anos, 8º período do curso de engenharia mecânica industrial, destaca a paixão pelo automobilismo e a vontade de aprender como as principais motivações da equipe, que espera alcançar a 8ª colocação em 2017.
Rio Grande do Norte – A equipe Cactus Baja, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, campus Mossoró (UFERSA), apostou na segurança e redução de peso do veículo, que teve o projeto redesenhado e carroceira construída em polipropileno cortado a laser, material de menor densidade, maior resistência ao impacto e de fácil moldagem, o que evita quebras na fixação. “Começamos a participar em 2012 com melhores resultados a cada ano, nosso objetivo é o pódio em 2017. Para isso trabalhamos até nas férias”, afirma o capitão Diego Gomes de Assis, aluno do 6º período do curso Ciência e Tecnologia.
Na competição nacional pela primeira vez, a equipe Caraubaja SAE, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, campus Caraúbas, traz um protótipo que considera resistente. “Esperamos cumprir todas as provas sem maiores danos ao veículo, nossa meta é conseguir classificação e participar de todas as provas, até o final do enduro”, diz a capitã Paula Rafaella.
Carros – Os veículos Baja SAE são protótipos de estrutura tubular em aço, monopostos, para uso fora de estrada, com quatro ou mais rodas e motor padrão de 10 HP, que devem ser capazes de transportar pilotos com até 1,90 m de altura, pesando até 113,4 kg. Os sistemas de suspensão, transmissão e freios, assim como o próprio chassi, são projetados e construídos pelas equipes, que têm, ainda, a tarefa de buscar patrocínio para viabilizar o projeto.
“As competições estudantis da SAE BRASIL motivam os jovens à carreira de engenharia e lançam desafios encontrados na vida profissional que lhes possibilitam aplicar na prática o conhecimento acadêmico adquirido na sala de aula”, analisa Mauro Correia, presidente da SAE BRASIL.
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