Cerca de 30 estudantes de engenharia do Brasil fazem os últimos ajustes nos três carros Fórmula SAE – um elétrico e dois a combustão – projetados e construídos dentro das faculdades para participarem de duas competições de Engenharia, realizadas pela SAE INTERNATIONAL, em maio e junho, nos EUA. Ao todo mais de 100 carros das Américas, Europa e Ásia participam das competições.
A equipe Fórmula FEI, do Centro Universitário da FEI, participa da Fórmula SAE Michigan, de 14 a 17 de maio, no Brooklyn, Michigan, enquanto as equipes Unicamp E-Racing (elétrico), da Universidade de Campinas, e Mauá Racing, do Instituto Mauá de Tecnologia participam da Fórmula SAE Lincoln, de 18 a 21 de junho, em Lincoln, Nebraska.
Fórmula FEI – Denominado RS8, o protótipo construído por universitários da FEI obteve melhorias no pacote aerodinâmico com a construção em fibra de carbono, que reduziu o tempo de volta em 3,8%. Outro ponto forte está no sistema de transmissão, com novo diferencial, que permite melhor ajuste na parte dinâmica. “Agora temos maior força de contato pneu/solo, com isso excelente desempenho longitudinal do carro, principalmente em condições de chuva”, diz Renato Durães Fontana, capitão da equipe e estudante do 8º semestre de Engenharia Mecânica.
Outro destaque do carro é o sistema elétrico que passou por diversas mudanças, como adição de controle de tração inteligente. O chicote elétrico foi feito em parceria com a empresa Kroschu. “A boa relação peso/potência, confiabilidade e manobrabilidade são os pontos mais fortes do nosso carro”, conta o capitão da equipe.
A outra equipe que representará o Brasil na categoria Combustão será a Mauá Racing, do Instituto Mauá de Tecnologia.
Protótipo elétrico – Os integrantes da equipe Unicamp E-Racing, atual campeã da competição internacional, construíram um carro totalmente desenvolvido em base de estudos feitos com testes e simulações, e que conseguiu 985 dos 1000 pontos da competição em 2013. “O uso dessas ferramentas nos ajudou a desenvolver um carro bem preparado, e na competição internacional que tem equipes até do MIT, a nossa chance é bem maior”, conta Danilo A. Oliveira, integrante da equipe.
Para a construção do protótipo os estudantes de Campinas optaram pela fibra sintética de aramida na carenagem, material leve e resistente. O carro é movido por motor elétrico alimentado por 76 baterias de LiFePO4, chegando a 300 volts e 120 CV (85 kilowatts) de potência, limite estabelecido pelo regulamento. Com carga de 2h nas baterias é possível rodar 25 km. O carro pesa 250 kg e atinge velocidade máxima de 170 km/h.
As equipes Fórmula FEI, Mauá Racing e Unicamp E-Racing ganharam o direito de representar o Brasil na Fórmula SAE Michigan e Fórmula SAE Lincoln após conquistarem o primeiro e segundo lugares, respectivamente, nas categorias combustão, e primeiro lugar na categoria elétrica durante a Fórmula SAE BRASIL-PETROBRAS, ocorrida em novembro de 2013, em Piracicaba, SP.
Fórmula SAE - ESPECIALIZAÇÃO - Os carros Fórmula SAE a combustão têm motores de 4 tempos e cilindrada máxima de 610 cm³. Já os elétricos devem ser tracionados com motores elétricos alimentados a partir de baterias de até 600 volts (esse limite varia de acordo com o País onde é realizada a competição). A construção dos veículos devem obedecer às normas do regulamento da competição, disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br -, que exige das equipes (com até 20 integrantes) que se especializem nos variados sistemas que compõem um carro deste tipo, como powertrain, freios, direção, suspensão, sistemas elétricos, chassis e segurança.
Os carros Fórmula SAE surgiram em 1978, nos EUA, e, desde então, são projetados por equipes de estudantes de graduação e pós-graduação de engenharia, de acordo com regras definidas pela SAE International e sob a orientação de um professor.
Além do Brasil e Estados Unidos, as competições de carros Fórmula SAE Combustão são realizadas na Inglaterra, Alemanha, Austrália, Áustria, Espanha, Hungria, Itália e Japão. O Brasil ingressou no circuito em 2004, com objetivo de fomentar nos estudantes de engenharia a especialização técnica em veículos de alto desempenho. Já a categoria Elétrica faz parte das competições dos EUA, Alemanha, Itália, Inglaterra, Austrália e, agora, do Brasil. O objetivo principal da categoria elétrica é aumentar o conhecimento técnico na área de motores 100% elétricos para as novas gerações de engenheiros, responsáveis pelas novas tendências da engenharia.
“O objetivo maior do conhecimento tecnológico está no processo de inovação e de introdução de novas tecnologias para sua utilização sistêmica, com fins econômicos e sociais. É essa a filosofia que a SAE BRASIL adota em suas competições estudantis, que desafiamos estudantes de engenharia à ousadia e à criatividade aplicadas aos projetos desenvolvidos por eles”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
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