Universitários de nove cidades do interior paulista (São José dos Campos, Guaratinguetá, São Carlos, Bauru, Salto, Lorena, Sertãozinho, Campinas e Ilha Solteira) trabalham na construção de 22 aviões radiocontrolados para a 15ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, agendada para 24 a 27 de outubro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP.
O interior será representado por 22 equipes, formadas por estudantes de engenharia de 11 instituições de ensino. Este ano, a competição bateu recorde de inscrições, com 105 equipes (98 em 2012), oriundas do Brasil, México, Venezuela e Peru, país que será representado pela primeira vez. Todas as equipes somam 1.450 participantes, entre estudantes, professores orientadores e pilotos.
A competição abrange três categorias (Regular, Advanced e Micro). Na classe Regular, a carga deve ser madeira do tipo MDF ou HDF (prensadas, largamente utilizadas na fabricação de móveis), enquanto na classe Advanced o volume transportado deve ser água, e, na classe Micro, bolinhas de tênis. O peso a ser transportado varia de acordo com a categoria.
São Carlos – A veterana EESC USP Alpha, que representa a Escola de Engenharia de São Carlos da USP, composta por 15 alunos desenvolveu um projeto totalmente diferente do apresentado em 2012. O modelo deste ano pesa cerca de 2 kg, transporta 13,1 kg e atinge a velocidade de 15 m/s em cruzeiro. De acordo com Joabe Marcos de Souza, capitão da equipe, os materiais utilizados este ano garantiram uma aeronave mais confiável. “Usamos madeira balsa, e a fuselagem é composta em 90% de barras de carbono, o que garante rigidez e peso abaixo da antiga”, explica.
A equipe já venceu duas edições e se sagrou vice-campeã mundial na East Competition, nos EUA, em 2011. A Escola também será representada pelas equipes EESC USP Mike e EESC USP Bravo. Outra equipe de São Carlos é a Dragão Branco, da Universidade Federal de São Carlos.
Lorena – O Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) é estreante na competição e será representado pela equipe AeroUnisal com sete estudantes inscritos. A aeronave que o grupo levará a São José dos Campos pesa aproximadamente 4 kg e tem capacidade para transportar 7 kg. Para o capitão, Dário Tomaz da Silva, a competição permite aprendizado, experiência e abre portas no mercado de trabalho.
Campinas – Quarta colocada em 2012, a veterana Urubus, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), utilizou um software para fazer a análise da fuselagem da aeronave. “Até o ano passado não usávamos esse tipo de ferramenta. Com ela conseguimos diminuir o arrasto”, conta Felipe Moreira Vizentim, capitão da equipe, que construiu um avião com 2 kg, capacidade de carga de 11 kg e que atinge a velocidade 70 km/h.
São José do Campos – Estreante, a equipe Megazord, com 14 estudantes da Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos, projetou um avião de 3,5 kg capaz de transportar 9 kg de carga. “Investimos em materiais como fibra de carbono por apresentar alta resistência mecânica. Também usamos alumínio, madeira, borracha e filma temo-adesivo”, comenta o capitão Ricardo Ferrucci.
A cidade de São José dos Campos também será representada pelas equipes Feng e Leviatã do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA); Orion da Universidade Paulista (UNIP); e a ETEP Flying da ETEP Faculdades.
Provas - As avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2014, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“As competições estudantis da SAE BRASIL proporcionam aos futuros engenheiros a oportunidade de por em prática as teorias aprendidas nas salas de aula e, assim, desenvolver capacidades e a paixão necessárias a uma boa formação profissional”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
Regulamento - Os aviões da Classe Regular deverão transportar madeira do tipo MDF ou HDF (madeira prensada utilizada na fabricação de móveis). Na Classe Advanced, a carga transportada deverá ser água, depositada em tanques montados na fuselagem. As aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Na Classe Advanced, a água transportada pela aeronave deverá ser drenada após cada voo, com o tempo de drenagem cronometrado, e a massa da água transportada determinada para fins de pontuação. As aeronaves da categoria podem usar mais de um motor, porém a soma da cilindrada não pode exceder 0,50in3 (8,2cm3).
Já na Classe Regular os aviões são monomotores, com cilindrada padronizada em 10 cc (10cm3 ou 0,61in3). As aeronaves serão menores em relação a 2011, pois a limitação dimensional máxima reduziu cerca de 70cm, porém compartimentos de carga maiores. Os aviões da categoria deverão decolar em uma distância máxima de 50m.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar num compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Em 2013 as aeronaves deverão decolar de uma pista de até 50m (mesma pista das demais classes). Os aviões da Classe Micro não têm restrições geométricas nem quanto ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave numa caixa de 0,175m³. |