Trabalhar em equipe, projetar e construir uma aeronave rádio controlada capaz de transportar cargas. Esses são alguns dos desafios que cerca de 180 estudantes de engenharia da Grande São Paulo enfrentam para participar da Competição SAE BRASIL AeroDesign, marcada entre os dias 1 e 4 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP.
O Estado de São Paulo tem o maior número de equipes inscritas na competição, com 31 participantes, 12 apenas da Grande São Paulo. Ao todo, a competição possui 98 equipes inscritas, que somam cerca de 1,4 mil universitários do Brasil, Venezuela, México, Canadá e EUA.
A competição abrange três categorias – Regular, Advanced e Micro - e este ano o regulamento inovou quanto ao tipo de carga a ser transportada. Em anos anteriores o requisito estabelecia o uso de barras de chumbo ou aço. A partir de 2012, na classe Regular, a carga deve ser madeira do tipo MDF ou HDF (prensadas, utilizadas na fabricação de móveis), enquanto na Classe Advanced o volume transportado deve ser água, e, na Classe Micro, bolinhas de tênis. O peso total transportado em cada aeronave varia de acordo com o projeto.
Só meninas - Estreante na Classe Micro, a equipe Fly Girls, composta por seis alunas da Universidade Nove de Julho, já iniciou os testes com a pequena aeronave, que pesa 500 gramas é capaz de transportar aproximadamente 2 kg de carga (cerca de 20 bolinhas de tênis). “Estamos receosas por ser a primeira vez que participamos na Classe Micro, mas o empenho tem sido grande”, afirma Ellen Boaratti, estudante do 6º semestre de Engenharia Mecânica da Uninove, que também será representada pela equipe Ícaro, na Classe Regular.
Outra equipe comandada por menina é a Harpia, da Universidade Federal do ABC, inscrita na Classe Regular. Laiana Facco Cicutti, de 22 anos, formando em Engenharia Aeroespacial, está à frente do grupo composto por mais seis meninos. Os estudantes projetaram um monoplano de 2,5 kg capaz de transportar 10,5 kg de madeira. Entre os materiais utilizados na construção estão alumínio, madeira balsa e fibra de carbono. “Escolhemos estes materiais por serem leves e resistentes, além disso, são de fácil acesso”, explica Laiana. Outra equipe da universidade inscrita é a Harpia Pampers, também na Classe Regular.
Também da Classe Micro, a equipe Taperá Baby, composta por 10 estudantes do Instituto Federal de São Paulo, faz testes na aeronave, que pesa 500 gramas e pode transportar 2,4 kg de carga (42 bolinhas de tênis). Em 2011, ano de estreia, a equipe venceu a competição na categoria e ganhou o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East, este ano, quando conquistou a 8ª colocação. A expectativa a é vencer em outubro. “Temos um relatório de alto nível técnico e uma aeronave muito competitiva”, afirma a capitã Débora Mestrinari, de 22 anos, estudante do 5º período de Engenharia Mecânica. O instituto ainda será representado pela equipe Taperá, na Classe Regular.
As demais equipes da Grande São Paulo são a Aero Elétrons, da Faculdade de Engenharia de São Paulo; Aeroduca, da Universidade Anhembi Morumbi; FEI Regular, do Centro Universitário da FEI; Mechane, da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e Obelix, do Instituto Mauá de Tecnologia.
Regulamento – Os aviões da Classe Regular, que deverão transportar madeira, são monomotores, com cilindrada padronizada em 10 cc (10cm3 ou 0,61in3). As aeronaves serão menores em 2012, pois a limitação dimensional máxima reduziu cerca de 70cm, porém terão compartimentos de carga maiores. Todos deverão decolar em uma distância máxima de 50m. Nos aviões da Classe Advanced, a carga transportada deverá ser água, depositada em tanques montados na fuselagem. As aeronaves da categoria podem usar mais de um motor, porém a soma da cilindrada não pode exceder 0,50in3 (8,2cm3). Em 2011, a cilindrada máxima ficava entre 10,65 cm3 (0.65 in3) e 15,07cm3 (0.92 in3). As aeronaves da Classe Micro terão que transportar as bolinhas de tênis dentro de um compartimento fechado. Lançados à mão, os aviões da Classe Micro não têm restrições geométricas nem quanto ao número de motores, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave numa caixa de 0,175m³. Nesta categoria os motores são elétricos.
Provas - As avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br. Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2013, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: seis primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Aberta e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“Na competição os jovens também descobrem como trabalhar em equipe e dentro das regras do jogo, situação que eles vão enfrentar mais tarde nas empresas como profissionais”, conta Vagner Galeote, presidente da SAE BRASIL, realizadora da competição.
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