Os estudantes de engenharia que construíram oito carros, em Minas Gerais e Brasília, seguem neste começo de semana para Piracicaba, SP, onde participarão da 15ª Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS. A competição de engenharia começa quinta-feira, dia 19, e vai até domingo, 22, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA). Ao todo, 73 carros off-road, conhecidos como Baja SAE, produzidos por estudantes de 57 instituições de ensino, de 14 estados brasileiros, além de Brasília e Estados Unidos, serão submetidos a provas estáticas e dinâmicas por especialistas da indústria da mobilidade.
Ao final da competição, as duas equipes que alcançarem as duas melhores pontuações, na soma geral das provas, ganham o direito de representar o Brasil na Baja SAE Wisconsin, que será realizada pela SAE International, de 16 a 19 de junho, em Milwalkee, nos Estados Unidos. A competição internacional, realizada há 40 anos, reúne mais de 100 equipes de diferentes países. Em 2008, no Canadá, o Brasil ganhou o título de tetracampeão mundial. A estreia foi em 1996.
Em Piracicaba, Minas Gerais será representada por sete equipes: sendo duas do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), e as demais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal de Itajubá e do Centro Universitário do Sul de Minas, com uma equipe cada.
A equipe Cerrado, de Uberlândia, construiu novo carro. Além de muita simulação computacional, o projeto possui amortecedores de motocicleta e suspensão independente na traseira e dianteira, que faz uso de uma inovadora configuração SLA (short-long-arm) nas quatro rodas, conhecida como garfos duplos ou braços ‘A' duplos, que permite aumentar a precisão nas curvas e controle das rodas. As peças e a estrutura foram redimensionadas e com isso houve redução de 30 kg no peso do veículo, agora 160 kg. “A equipe também se dividiu conforme os subsistemas do carro e criou até área de marketing”, diz Pierre Borges, capitão da equipe.
Organização - Na Universidade Federal de Itajubá, a equipe Saci Melpoejo, utilizou ainda o método organizacional dos 5s (cinco sensos), para aumentar a eficiência da equipe, organização e fluxo do trabalho. Já o carro ganhou suspensão dianteira constituída por braços sobrepostos, que garante maior contato do veículo com o solo em todas as situações. A mesma solução foi aplicada na suspensão traseira para o piloto ganhar maior controle do carro e melhor retomada de velocidade nas saídas de curvas acentuadas. Com isso, a equipe
espera ficar entre as 10 primeiras colocadas na competição. Em 2008, a equipe ficou em 40º lugar.
Terceira colocada na competição de 2008, a equipe Cefast 2, do Cefet, irá com o mesmo carro, que tem eixo rígido e barra estabilizadora Panhard. Foram melhorados os ângulos de direção e o peso: de 155 kg para 150 kg. O veículo ganhou sensor para marcação de combustível que avisa ao boxe quando entra na reserva e também foram tiradas as folgas do sistema de direção. A outra equipe do Cefet, a Cefast 3, apresentará novo carro, com suspensão independente tipo duplo e amortecedores importados. “Os dois bajas foram muito bem testados e oferecem confiabilidade, por isso vamos brigar pelo pódio”, avisa Rafael Lourenço, capitão da equipe Cefast 2.
Brasília - Única representante do Centro-Oeste, a equipe Piratas do Cerrado, da Universidade de Brasília (UnB), é composta de 14 alunos, metade veteranos. O carro da equipe pesa 190 kg e é resultado de 10 anos de experiência com o Projeto Baja. Em 17º lugar ano passado, a equipe busca melhorar o resultado. “Estamos confiantes, pois os testes foram ótimos”, afirma o capitão Tiago Ribeiro. Além de experimentar pela primeira vez o uso de fibra de vidro no carro, a equipe fabricou a caixa de direção e regulou os principais ângulos da geometria de suspensão, tipo duplo A independente nas quatro rodas, para garantir boa dirigibilidade, manobrabilidade e dinâmica ao veículo.
Besaliel Botelho, presidente da SAE BRASIL, conta que o Projeto Baja SAE é um dos programas de maior sucesso organizados pela associação na capacitação dos futuros engenheiros, no qual estudantes são envolvidos em caso real de desenvolvimento de um veículo em todas as ações correlatas. "Além de praticarem os conceitos teóricos adquiridos em sala de aula, eles são submetidos às experiências da vida real, como trabalho em equipe, atendimento de prazos, busca de suporte financeiro para o projeto e atividades diversas, muitas em áreas não exploradas nos cursos regulares, mas que incentivam a criatividade e o surgimento de lideranças", diz. Segundo Botelho, muitas empresas têm priorizado a contratação de ex-participantes por terem a certeza de que eles estão bem preparados. "Isso comprova a importância da competição, um dos orgulhos da SAE BRASIL", completa. |