Testes com simuladores de vôo, uso de sensores, construção automatizada de máquina de corte para poliestireno expandido (Isopor®), produção de plástico reforçado com fibra de carbono (CRP) e muita pesquisa. É assim que os estudantes de engenharia de seis faculdades de Minas Gerais se preparam para disputar a IX Competição SAE BRASIL AeroDesign, que será realizada de 4 a 7 de outubro no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, São Paulo.
Além de sete equipes mineiras, a competição conta com mais 66 equipes inscritas. Juntas, representam 50 instituições de ensino do Brasil e 5 do Exterior. De Minas Gerais estão inscritos alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Universidade Federal São João Del Rei e Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
As equipes mineiras apostam em tecnologias e pesquisas para projetar aeronaves competitivas. "Decidimos simular boa parte do projeto no computador para evitar erros, economizar tempo e treinar os pilotos", conta o estudante Guilherme Santana, capitão da equipe Uai-Sô-Fly-Open, da UFMG, que se utiliza, também, de um simulador virtual de vôo para prever, ainda, como o avião se comporta na decolagem.
Na busca por melhores resultados, a equipe Uai-Sô-Fly Open ainda desenvolveu uma máquina para corte de poliestireno expandido e resolveu produzir, por conta própria, o plástico reforçado com fibra de carbono para o avião, que deve pesar 15 kg. O desenvolvimento da máquina foi feito em parceria com outra equipe da UFMG, a Uai-Sô-Fly.
Já a equipe Uirá, da Unifei, busca otimizar a resistência da asa da aeronave. "Descobrimos que, durante o vôo, a aeronave tem um momento de inércia e, dependendo de como o avião é projetado, isso reforça a resistência estrutural da asa", explica Carlos Henrique Vasconcelos, capitão da equipe, ao lembrar que trabalhavam com um perfil de asa muito resistente, mas que aumentava o peso do projeto. Com a pesquisa, o avião deverá pesar menos que 3,5 kg, cerca de 25% mais leve que em 2006.
A exemplo do que ocorre com as demais equipes inscritas, um importante desafio que se apresenta este ano para a equipe Cefast¸ do Cefet-MG, é desenvolver uma aeronave desmontável para ser guardada em uma caixa que ocupe o menor volume possível, em atenção a requisito específico do Regulamento da Competição e, desta forma, obter pontuação extra. "Optamos por dividir a asa em três partes, mas tudo teve de ser muito estudado para não diminuir a resistência do projeto", conta Guilherme Lopes, capitão da equipe, que trabalha para finalizar um monoplano de 3 kg, capaz de carregar até quatro vezes o seu peso.
Para Vilmar Fistarol, presidente da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign expõe o potencial dos futuros engenheiros aeronáuticos brasileiros, que já conquistaram diversos títulos na competição internacional, realizada nos EUA. "Neste ano, mostramos de novo para o mundo a capacidade de nossos futuros engenheiros para desenvolver projetos inovadores no setor aeronáutico", afirma Fistarol, ao se referir à equipe EESC-USP OPEN, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, que se sagrou campeã da Classe Aberta na SAE Aerodesign East Competition, em maio.
Competição - Reunidos em São José dos Campos de 4 a 7 de outubro próximo, os aviões serão submetidos a uma bateria de avaliações em duas etapas distintas: Competição de Projeto e Competição de Vôo, em atendimento ao Regulamento da Competição, disponível no site da SAE BRASIL (www.saebrasil.org.br). Ao final, as duas equipes da Classe Regular e a primeira da Classe Aberta que obtiverem a maior pontuação poderão representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition 2008, competição equivalente promovida nos EUA pela SAE International, sociedade da qual a SAE BRASIL e as equipes brasileiras acumulam, desde 2001, histórico de relevantes participações, incluindo o título de campeão na Classe Aberta e campeão na Classe Regular, em duas e três oportunidades respectivamente.
Os aviões se dividem em duas categorias: Classe Regular, projetados exclusivamente por alunos de graduação, com dimensões máximas definidas por um sólido com diagonais de 2,4m x 2,8m e altura de 0,7m, e usam motor padrão de 10 cm3; e Classe Aberta, projetados sem restrições dimensionais, desenvolvidos também por alunos de pós-graduação, e utilizam motor de até 15cm3. Na Competição de Vôo, todos os aviões devem percorrer no máximo 61m para decolar e 122m no momento do pouso.
Iniciativa da Seção Regional São José dos Campos da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais instituído pela SAE BRASIL, uma sociedade de engenheiros da mobilidade, cujo principal objetivo é propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeroespacial entre estudantes e futuros profissionais deste importante segmento da mobilidade, através de aplicações práticas e da competição entre equipes.
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