Troca de informação entre equipes e muita pesquisa bibliográfica, apesar do pouco dinheiro em virtude da falta de patrocínio e das longas horas de trabalho nas oficinas das faculdades. Assim as 11 equipes de universitários do Nordeste, que projetaram e agora constroem os carros Baja SAE, se preparam para disputar a 13ª Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS, que acontece de 15 a 18 de março, no ECPA (Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo), em Piracicaba, São Paulo. As 11 equipes pertencem a 8 universidades do Nordeste, localizadas em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Bahia. Juntas, vão disputar a Competição, que possui 70 equipes inscritas, de 13 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Como prêmio, as três equipes que somarem a melhor pontuação nas provas estáticas e dinâmicas em Piracicaba, ganham o direito de representar o Brasil em junho na SAE Baja RIT, em Rochester, Nova York, EUA, realizada pela SAE International. Com isso, o número de equipes do Nordeste cresce a cada ano: 7 em 2005 contra 11 este ano.
Para driblar as dificuldades naturais para viabilizar o projeto, os estudantes recorrem à ajuda de equipes até de outros Estados. “Se não buscássemos apoio de outras equipes, como a Mangue Baja, da Universidade Federal do Pernambuco, estaríamos num estágio de desenvolvimento do carro bem anterior”, conta Pedro Vítor Guedes de Araújo, capitão da equipe UFPBaja Imprescindível, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Estreante em 2006, o carro da equipe ganhou um novo desenho de chassi que permitiu a redução dos pontos de soldas, além de um sistema de acionamento dos freios mais preciso e leve.
Em Pernambuco, as equipes Mangue Baja 1 e 2, melhores colocadas do Nordeste na Competição em 2006 (décima e sétima colocadas, respectivamente) investem na facilidade de manutenção dos carros. “Isso otimiza tempo durante as provas dinâmicas”, explica o estudante João Silva Acioli, capitão da equipe Mangue Baja 1, que utiliza um sistema de eletrônica embarcada no carro para avaliar o desempenho do protótipo.
ESTREANTE – Já a equipe Guaiamum, da Unifacs (Universidade de Salvador), aproveita a experiência que adquiriu ao participar da Competição Baja Bahia, em 2006, para estrear em Piracicaba. “No carro, tudo é feito com muita dificuldade, mas estamos motivados porque somos a primeira equipe da universidade a participar da Competição”, afirma Flávio Silveira, capitão da equipe.
Iniciativa da SAE BRASIL (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), a Competição desafia os estudantes de Engenharia a projetarem e construírem um Baja SAE (veículo fora-de-estrada, com quatro ou mais rodas, capaz de atravessar terrenos de terra acidentados e que utiliza motor padrão de 10 HP). A Competição tem início com o envio de relatórios técnicos de cada projeto e segue, ainda em janeiro, com o desenvolvimento e construção do veículo quase sempre dentro das faculdades. Quando chegam em Piracicaba, os carros são submetidos a provas que avaliam itens como conforto do operador, produção em massa, integridade estrutural e originalidade, além de provas de tração, manobrabilidade, aceleração, velocidade máxima e subida de rampa com até 45º. Na última etapa, os carros enfrentam todas as deformidades de uma pista de terra, durante um enduro de quatro horas.
Em 2006, a equipe EESC-USP sagrou-se pentacampeã nacional da modalidade, entre 68 equipes inscritas. A segunda colocada foi a equipe Mauá 2, do Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano do Sul (SP), seguida pela equipe DEMEC-08, da UFMG. Nos EUA, as equipes EESC-USP e Mauá 2 garantiram, respectivamente, o 5º e o 24º lugares, entre 115 equipes do Canadá, EUA, África do Sul, México, Venezuela e Coréia do Sul, além do Brasil. Nos EUA, o Brasil é bicampeão na categoria.
Vilmar Fistarol, presidente da SAE BRASIL, afirma que a Competição Baja SAE BRASIL é importante palco de descobertas de novos talentos da engenharia automotiva brasileira. Além disso, a competição vem ao encontro dos objetivos da associação. "Por meio do Baja SAE BRASIL, incentivamos a pesquisa estudantil e, com isso, aprimoramos o aprendizado dos futuros engenheiros brasileiros", afirma Fistarol. "Todos os que participam da competição adquirem grandes chances de se destacarem profissionalmente após concluírem a graduação", diz o presidente.
Confira a lista de todas as equipes do Nordeste:
Pernambuco
Universidade Federal de Pernambuco – equipes Mangue Baja 1 e Mangue Baja 2
Escola Politécnica de Pernambuco – equipes Corisco I e Corisco II
Rio Grande do Norte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – equipe Car-Kará
Paraíba
Universidade Federal da Paraíba – equipes UFPBaja Imprecindível e UFPBaja Indubitável
Ceará
Universidade Federal do Ceará – equipe Siará
Universidade de Fortaleza – equipe Mangabaju Racing
Bahia
Universidade Salvador – equipe Guaiamum
Universidade Federal da Bahia – equipe Car-poeira
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