O Brasil pode estar na dianteira na corrida por novas matrizes energéticas, desde que foque suas ações em três pontos básicos: organização, investimento em tecnologia e ganho de credibilidade no mercado internacional a partir desse esforço concentrado. Esta foi a conclusão do painel BLUE RIBBON, um dos mais importantes dentro do XV Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL, iniciado ontem, no Transamérica Expo Center, em São Paulo e que vai até quinta-feira (23), com as novidades da engenharia da mobilidade.
O painel destacou, ainda, os grandes diferenciais do Brasil na busca por combustíveis mais limpos, tendo-se em vista suas longas áreas cultiváveis, a diversidade da flora e o sol, presente com intensidade em todo o território. Conforme destacou o presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e diretor-geral do Centro de Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Roberto Rodrigues, o Brasil não deve descartar a possibilidade de tornar o etanol uma commodity, o que representaria grandes ganhos para a nação no mercado externo.
De acordo com o ex-ministro da Agricultura, não há no mundo nenhum continente com tamanha área cultivável como o Brasil, e isso sem se mexer na Floresta Amazônica. “Temos 62 milhões de hectares de áreas cultivadas e mais 220 milhões de hectares de pastagem. Nesse universo podemos cultivar insumos para a obtenção do etanol e do biodiesel, sem desguarnecer nossa produção de alimentos”, reforçou Rodrigues.
Quem tem a mesma linha de pensamento é o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Rogelio Golfarb, outro integrante do BLUE RIBBON, cujo tema do painel foi “Competência x Competitividade da Engenharia Brasileira: a hora de planejar o futuro”. Segundo Golfarb, temos urgência em investir no campo energético, com pesquisas que desenvolvam combustíveis mais limpos e tecnologias no segmento da mobilidade que também venham com esse propósito. “O mundo todo está nessa busca, mas nós temos inúmeros diferenciais. Só não podemos perder tempo.” De acordo com ele, a estabilidade econômica em que o Brasil se encontra poderá contribuir com essas pesquisas e com o setor da mobilidade de maneira geral.
Participaram também do painel o vice-presidente de Planejamento e Desenvolvimento do Produto da Volkswagen, Holger Westendorf, e o diretor de Projetos, Engenharia e Compras da PSA Mercosul, Jean Pierre Tayals. A mediação coube ao jornalista Paulo Braga.
A discussão vai ao encontro do tema do Congresso SAE BRASIL 2006: “Sustentabilidade e a Matriz Energética Mundial – A Contribuição da Engenharia Brasileira”. Na cerimônia de abertura compuseram a mesa diretora dos trabalhos Besaliel Botelho, presidente do Congresso SAE BRASIL 2006, Gábor Deák, presidente da SAE BRASIL, Richard Schaum, que assumirá a presidência da SAE International em 2007. José Flávio R. de Oliveira, Assessor da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, representou o governo do Estado.
Em seu discurso de abertura, Besaliel reforçou a importância da entidade - que comemora 15 anos de existência - no desenvolvimento de novas tecnologias e seu importante papel na indústria da mobilidade do País. “O tema do congresso não poderia ser mais oportuno, uma vez que alcançamos a auto-suficiência na produção de petróleo, temos feito grandes avanços no estudo de alternativas energéticas, a exemplo do biodiesel e do H-BIO, e nossas pesquisas com os motores híbridos estão bem avançadas.”
Na ocasião, Gábor Deák fez a entrega do 6.º Prêmio SAE BRASIL ao gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento de Abastecimento da Petrobras, Alípio Ferreira Pinto Jr., por seus esforços na expansão tecnológica à frente do Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras). “Nesses 15 anos crescemos bastante e de forma consistente, e estamos conscientes da importância da entidade para o desenvolvimento da indústria brasileira”, disse Gábor.
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