A dificuldade para conseguir patrocínio não impediu cerca de 60 estudantes de engenharia do Distrito Federal e do Mato Grosso de projetarem e construírem quatro aeronaves radiocontroladas. No ambiente de suas instituições de ensino, quatro equipes acertam os últimos detalhes dos protótipos para disputar a 17ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, entre 29 de outubro e 1º de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP.
As quatro equipes – duas do Distrito Federal e duas do Mato Grosso – integram as 95 inscritas nesta edição, 89 brasileiras e seis estrangeiras. Todas somam quase 1.300 participantes, entre estudantes, professores orientadores e pilotos, que representam 71 instituições de ensino superior do Brasil (16 Estados e Distrito Federal) e do Exterior (Venezuela e México).
Nesta edição, a competição contará com 22 equipes de São Paulo, 18 de Minas Gerais e sete do Rio de Janeiro. Rio Grande do Sul e Santa Catarina serão representados por seis equipes cada. Paraná e Rio Grande do Norte contam com cinco; Pernambuco, Piauí e Bahia aparecem com três cada; Distrito Federal, Mato Grosso, Maranhão e Paraíba possuem duas; Amazonas, Espírito Santo e Sergipe têm uma equipe cada. Entre as estrangeiras, há cinco da Venezuela e uma do México.
DISTRITO FEDERAL – Depois de alcançar a 37ª colocação, a equipe Draco Volans, da Universidade de Brasília (UnB), retorna à Classe Regular com um monoplano que possui configuração convencional, construído com fibra de carbono, madeira balsa e honeycomb. “Esse materiais foram escolhidos por conta da relação maior resistência e menor peso, o que conferiu eficiência estrutural ao protótipo”, diz João Luiz Costa, estudante do penúltimo ano de Engenharia Mecânica, capitão da equipe. Capaz de transportar cerca de 12 kg e alcançar velocidade máxima de 30 m/s, o avião obteve aumento da capacidade de carga em 40% (antes carregava 8 kg), do peso em 15% (de 2 kg para 2,2 kg) e da envergadura em 17% (de 2,66 m para 3,11 m). “Dispomos de uma aeronave que exibe alta eficiência aerodinâmica para decolagem e maior facilidade de manutenção, além de processos de construção e segurança em voo mais bem estruturados”, avalia o capitão da equipe, que é formada por 15 estudantes. Do Distrito Federal também participará a equipe Antonov, da Universidade Paulista do Distrito Federal (UNIP-DF).
MATO GROSSO – Formada por nove estudantes da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), a veterana Aerodesign UFMT Micro, antiga Pantaero Aerodesign, apostou na construção de monoplano com isopor, fibra de carbono, madeira balsa e plástico PLA em razão da viabilidade econômica e da facilidade de acesso dos materiais na região. Projetado para transportar 43 bolinhas de tênis, o avião da equipe é capaz de alcançar a velocidade máxima de 11 m/s. “Uma inovação tecnológica do nosso projeto foi a fabricação em 3D de alguns componentes em PLA”, destaca Henrique de Matos, estudante do quinto semestre de Engenharia Mecânica, capitão da equipe, que ficou no 11º lugar da Classe Micro no ano passado. Do Mato Grosso ainda participará a AeroDesign UFMT Regular.
Aeronaves – A competição abrange três categorias: Classe Regular, Classe Advanced e Classe Micro. Entre as novidades do regulamento deste ano está a distância máxima de decolagem, de 70m, independentemente da categoria. Antes era de 61m. Este limite será utilizado pela primeira vez na competição, representando o maior limite de toda história da SAE BRASIL AeroDesign.
Na Classe Regular, as aeronaves poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo, e deverão respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não poderá exceder 0,9 m². Serão permitidas apenas aeronaves monomotores – o motor deverá ser selecionado entre os quatro indicados no regulamento.
Na Classe Advanced, os aviões também poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. A única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3kg. A escolha do tipo de motor (combustão ou elétrico) e do número de motores é totalmente livre. Nesta edição, como estímulo ao uso de motores elétricos, a bateria poderá ser considerada como carga útil.
Na Classe Micro, as aeronaves deverão transportar bolas de tênis em compartimento fechado, não podendo estar presas entre si. Todos os aviões deverão carregar a mesma carga em todos os voos: 43 bolinhas. A pontuação de voo será dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos realizados com sucesso. Para esta categoria não existem restrições de geometria ou do número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³.
Provas – As avaliações serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br. Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma da Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem as melhores as pontuações, ganharão o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2016, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um na Classe Micro. A SAE Aerodesign East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
A competição conta com o patrocínio do Grupo Airbus, Boeing, Embraer, GE, Honeywell, Parker, Rolls-Royce, Saab e United Technologies. Além disso, desfruta do apoio de instituições governamentais: DCTA, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Prefeitura de São José dos Campos. “Os programas estudantis da SAE BRASIL são uma experiência extracurricular que faz diferença na formação do engenheiro, pois introduzem a aplicação prática e sistêmica da tecnologia, desafiam a criatividade e a inovação, além de estimular o trabalho em equipe”, afirma o engenheiro Frank Sowade, presidente da SAE BRASIL.
17ª Competição SAE BRASIL AeroDesign
Dia 29 – das 8h30 às 17h – solenidade de abertura, showroom dos projetos e apresentações orais das equipes no Prédio de Eletrônica e Computação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Dias 30, 31 e 1º – das 7h30 às 18h – Competição de voo no Aeroporto do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – aberta ao público. Entrada pela avenida Faria Lima, ao lado do MAB, em São José dos Campos/ SP. |