Universitários de nove cidades do interior paulista (São José dos Campos, São Carlos, Araras, Campinas, Salto, Lorena, Bauru, Ilha Solteira e Guaratinguetá) construíram 19 aviões radiocontrolados, em escala reduzida, para a 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, que será realizada entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP.
Ao todo, 95 equipes inscreveram-se para a competição: 87 do Brasil e oito do Exterior – Venezuela (quatro), México (duas), Peru (uma) e, pela primeira vez, Polônia (uma). Todas as equipes, que reúnem mais de 1,3 mil participantes, entre estudantes, professores orientadores e pilotos, foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados como projeto extracurricular em suas instituições de ensino.
A competição contempla três categorias de aeronaves: Classe Regular (64 equipes), Classe Advanced (cinco equipes) e Classe Micro (26 equipes). O objetivo é que cada aeronave transporte o maior peso de carga durante o voo, de acordo com a categoria.
SÃO CARLOS – Veterana, a equipe EESC-USP Mike, da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (EESC-USP), é tricampeã na Classe Micro. A equipe projetou um avião convencional: monoplano com asa alta e leve, capaz de carregar 40 bolinhas de tênis, com maior utilização de materiais compósitos nas estruturas. “Em relação ao projeto de 2013, o avião possui aumento de 5% na área da asa e 30% no comprimento, e oferece grande confiabilidade e baixo peso vazio, imprescindíveis na competição”, conta Gabriel Setim Porto Alegre, capitão da equipe, a primeira colocada na categoria em 2013, entre 23 equipes inscritas.
SALTO – Segunda colocada também na Classe Micro, em 2013, a equipe Taperá Baby, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), de Salto, apostou num monoplano de asa alta de geometria reto-trapezoidal, modelo de empenagem e trem de pouso convencionais, e motor em configuração tractor (hélice à frente, puxando a aeronave), para transportar 40 bolinhas de tênis. “Em geral, as medidas da aeronave aumentaram uma vez que o avião de 2013 transportava apenas 20 bolinhas de tênis. A principal inovação, segundo Larissa dos Santos, capitã da equipe, é o formato do compartimento de carga. “Utilizamos um hexágono com dimensões diferentes para formar as cavernas e, assim, diminuir o comprimento do compartimento e, também, a área frontal”, afirma da equipe, com nove integrantes.
Do Interior paulista participam, ainda, as equipes Leviatã, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); UFSCar Dragão Branco e Dragão Branco Micro, ambas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Iuna Uniararas, da Fundação Hermínio Ometto campus Uniararas; EESC-USP Alpha e EESC-USP Bravo, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo; Megazord Aerodesign e Coruja Aerodesign, ambas da Faculdade de Tecnologia (Fatec) São José dos Campos; Urubus, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Etep Flying Regular e Etep Flying Micro; ambas da ETEP Faculdades – campus São José dos Campos; AeroUnisal, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) – Campus Lorena; Aerofeg, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – campus Guaratinguetá; FEB Open, FEB Regular e FEB Micro, todas da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – campus Bauru; e Zebra, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – campus Ilha Solteira.
PROVAS – Em São José dos Campos, as avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2015, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“Colocar em prática as teorias aprendidas na sala de aula e o desenvolvimento de capacidades requeridas pelo mercado, como liderança, trabalho em equipe e gestão de projetos, são alguns dos pontos enfatizados nas competições estudantis da SAE BRASIL que consideramos essenciais a uma boa formação de engenharia”, ressalta o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
REGULAMENTO – Os aviões da Classe Regular e da Classe Advanced poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. Já as aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Nas três categorias, as aeronaves deverão decolar em distância máxima de 61 m.
Para competir na Classe Regular, as aeronaves devem respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não pode exceder 0,775m². São permitidas apenas aeronaves monomotores – e o motor deve ser selecionado entre cinco indicados no regulamento.
Na Classe Advanced, a única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3 kg. A seleção do número de motores e do tipo do motor é totalmente livre, podendo ser a combustão ou elétrico.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar em compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Todas as aeronaves devem carregar a mesma carga em todos os voos: 40 bolinhas. A pontuação de voo será dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos que a equipe conseguirá realizar com sucesso. Para esta categoria não existem restrições geométricas nem ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³. |