Construir aviões radiocontrolados, em escala reduzida, capazes de transportar elevada carga é o desafio das 95 equipes, formadas por estudantes de engenharia do Brasil e do Exterior, que se inscreveram na 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign. A competição será realizada de 30 de outubro a 2 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP. O Rio de Janeiro será representado por quatro equipes, oriundas de três instituições de ensino, e o Espírito Santo, por uma equipe.
Das 95 equipes inscritas, 87 são oriundas do Brasil e oito do Exterior – Venezuela (quatro), México (duas), Peru (uma) e, pela primeira vez, Polônia (uma). Todas as equipes, que reúnem mais de 1,3 mil participantes, entre estudantes, professores orientadores e pilotos, foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados como projeto extracurricular em suas instituições de ensino.
A competição contempla três categorias de aeronaves: Classe Regular (64 equipes), Classe Advanced (cinco equipes) e Classe Micro (26 equipes). O grande desafio é fazer com que as aeronaves transportem o maior peso possível de “carga útil” em voo, de acordo com requisitos de cada categoria.
ESPÍRITO SANTO – Única equipe capixaba, a Aero Vitória, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), trabalha na construção de avião monoplano e monomotor com estrutura tubular de fibra carbono, madeira balsa e resina microlite por serem materiais de alta tecnologia e leveza, além de resistência. Segundo Eduardo Pena Pessini, capitão da equipe, a aeronave, cuja capacidade de carga está em torno de 11 kg, apresentou no primeiro teste 20% de redução do peso e 5% de aumento da capacidade de carga em relação ao projeto de 2013. “Utilizamos métodos de medição e validação de alta tecnologia, e criamos um software de avaliação de aeronaves. Tudo para aumentar a precisão e a qualidade do projeto”, afirma o capitão da equipe, quinta colocada em 2013, entre as 75 da Classe Regular.
RIO DE JANEIRO – A equipe Minerva Aerodesign, composta por 15 estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), trabalha num monoplano com asa alta, cauda treliçada e estabilizadores na horizontal e vertical, em configuração convencional, capaz de transportar 10,5 kg de aço, aproximadamente cinco vezes o peso do avião. A principal inovação é a aplicação de peças impressas em 3D em diversas partes do projeto. A equipe também empregou carbono, madeira balsa, compensado de madeira e outros materiais considerados leves para garantir redução de peso do projeto. “Com isso, as nossas expectativas são as melhores”, afirma Jonas Simões, capitão da equipe, com 15 integrantes e na 43ª colocação entre as 75 equipes da Classe Regular em 2013.
Mais três equipes cariocas disputam a competição: Blackbird e UFForce, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e AeroRio, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). No ano passado, uma equipe do Espírito Santo e sete equipes do Rio de Janeiro inscreveram-se na competição.
PROVAS – Em São José dos Campos, as avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2015, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“A introdução de novas tecnologias e sua aplicação sistêmica em benefício da Sociedade é a filosofia que norteia as competições de engenharia da SAE BRASIL, com as quais visamos estimular os estudantes para a inovação e ajudá-los na qualificação exigida pela indústria”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
REGULAMENTO – Os aviões da Classe Regular e da Classe Advanced poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. Já as aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Nas três categorias, as aeronaves deverão decolar em distância máxima de 61 m.
Para competir na Classe Regular, as aeronaves devem respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não pode exceder 0,775m². São permitidas apenas aeronaves monomotores – e o motor deve ser selecionado entre cinco indicados no regulamento.
Na Classe Advanced, a única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3 kg. A seleção do número de motores e do tipo do motor é totalmente livre, podendo ser a combustão ou elétrico.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar em compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Todas as aeronaves devem carregar a mesma carga em todos os voos: 40 bolinhas. A pontuação de voo será dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos que a equipe conseguirá realizar com sucesso. Para esta categoria não existem restrições geométricas nem ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³. |