A sinergia entre as diferentes áreas desde o começo do desenvolvimento de produto é o desafio da indústria para atender prazos cada vez menores e pressões crescentes por redução de custos e aumento de requisitos de desempenho. Essa foi a conclusão dos engenheiros que participaram do 12º Simpósio SAE BRASIL de Testes e Simulações na Indústria da Mobilidade, realizado no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo (SP), na quarta-feira (17). Sob a direção do engenheiro Guilherme Duarte, da General Motors, o encontro organizado pela Seção São Paulo da SAE BRASIL reuniu 14 palestras técnicas, com informações atualizadas sobre o cenário de testes e simulações, o que propiciou debates entre especialistas e público.
Durabilidade e Eficiência Energética – No primeiro dos quatro painéis, “Durabilidade e Eficiência Energética”, Luciana Stuewe, gerente de Produto da Magma Engenharia, discorreu sobre a influência das tensões residuais do processo de fundição sobre a performance e a durabilidade de componentes de sistemas de suspensão, e destacou que a simulação é capaz de gerar dados confiáveis em relação às propriedades mecânicas e às tensões residuais do produto. “Essas informações possibilitam a otimização do design do produto, com reforço de áreas de menor resistência e redução naquelas de maior resistência”, apontou a engenheira.
Em seguida, Leandro Barcellos de Souza, engenheiro de Desenvolvimento do Produto da Bosch, falou sobre o desenvolvimento de designs robustos usando o exemplo de desenvolvimento de uma nova geração de bomba de combustível. “Os requisitos de pressão e durabilidade aumentaram dos anos 2000 para cá, e o nosso objetivo é aumentar a robustez com foco em confiabilidade para que o produto não apresente falhas”, afirmou Souza.
Valmir Fleischmann, diretor de Engenharia da VirtualCAE, apresentou o tema “Otimização Topológica Aplicada na Indústria Automotiva” e destacou a relação entre a redução de peso e consumo de combustível por meio de estudo de caso com dois caminhões baú sobre chassi de dois eixos. “O veículo mais leve teve redução de 6,5% no consumo de combustível”, avaliou Fleischmann.
Otimização – Karen Silva, engenheira de Aplicação da Altair, abriu o painel “Otimização” com a palestra “Como Integrar a Otimização Estrutural ao Desenvolvimento de Produto na Era da Alta Competitividade”. Karen defendeu o uso da otimização estrutural, que integra critérios como performance, segurança, redução de consumo, emissões e materiais, para a melhoria da eficiência do produto. “Uma vez implementada a otimização, passa-se a entender melhor o produto, soluções inovadoras surgem”, argumentou.
Na sequência, Leandro Macedo, supervisor de Cálculos Veiculares da Volkswagen, apresentou o tema “Aplicações de Métodos de Otimização Numérica no Desenvolvimento Estrutural de Veículos”, em que defendeu a aplicação desses métodos para a exploração do espaço de soluções possíveis em busca da solução ótima. “O processo é bem desenvolvido, conhecido e validado”, justificou. Para Macedo, a simulação virtual é praticamente mandatória. “Ao longo do tempo nos beneficiamos com a evolução dos softwares, que trazem resultados cada vez mais confiáveis”, finalizou.
Alexandre Motta e Nicholas Spagnol, engenheiros da Iochpe-Maxion, fecharam o painel com o tema “Processos de Otimização Aplicados no Desenvolvimento de Rodas de Aço”, em que ressaltaram a importância da ferramenta para análise de tensões e deformações na predição da vida em fadiga das rodas.
Aeronáutico – Na abertura do painel “Aeronáutico”, Arthur Camanho, engenheiro da ESI, ministrou a palestra “Engenharia Virtual para a Indústria Aeroespacial”. Camanho falou de ferramentas virtuais no desenvolvimento da indústria aeronáutica, nas fases de concepção, projeto e manutenção, e apresentou cases da empresa Boeing.
Em seguida, Keith Klentz, diretor de Vendas em Visualização e Simulação de Ambientes Virtuais da Christie Digital, falou de conceitos de displays de alta performance utilizados em ambientes de visualização e simulação avançadas, incluindo 3D e instalações imersivas.
Regis Ataides, executivo de Contas Sênior da CD-Adapco, mostrou estudos de simulações para lançamentos de carga em voo com o software CFD (Dinâmica dos Fluidos Computacional). “Por meio desse software, conseguimos simular qualquer escoamento de fluído como também movimento de corpo rígido com muita facilidade e agilidade, o que permite foco no desenvolvimento do produto e não na ferramenta”, afirmou.
Guilherme Hernandes, engenheiro de Desenvolvimento do Produto da Embraer, falou sobre o Iron Bird Virtual, programa de desenvolvimento de aeronaves de grande porte que simula sistemas e componentes para prevenir defeitos e identificar falhas com antecedência.
Testes físicos – No último painel, “Desafios da Viabilização de Testes Físicos”, Elbi Kremer, gerente de Performance do Veículo da General Motors do Brasil, falou sobre como otimizar testes físicos e virtuais e frisou que a integração entre testes físicos e simulação está cada vez maior no suporte ao desenvolvimento automotivo. “Escolher entre as alternativas que oferecem os melhores balanços é uma das grandes vantagens da simulação, que acelera o desenvolvimento e reduz as alternativas para testes”, afirmou.
José Celso Mazarin, diretor de Operações da Smarttech, apresentou o novo Centro Tecnológico da empresa em Holambra (SP) e falou dos desafios para a viabilização de testes físicos no Brasil, como a capacitação profissional para realização de testes, o custo e o tempo elevados para compra de equipamentos e a falta de investimento em tecnologia. “Olhando para esses desafios, a Smarttech espera dar reposta para o mercado com o inédito Centro Tecnológico de Holambra”, afirmou Mazarin.
André Oliveira, diretor de Engenharia da LMS, discorreu sobre o tema “Teste & Simulação em Tempo Real para o Gerenciamento de Energia do Veículo”, e abordou ferramentas que permitem encontrar as principais fontes de perda de energia para a tomada de decisões para a redução de consumo de combustível.
João Felipe Araújo, coordenador do Campo de Provas da Randon S/A Implementos e Participações, fechou o ciclo de apresentações com foco na durabilidade acelerada dos veículos. Durante a apresentação, Araújo questionou a definição de procedimentos de testes no Brasil, onde apenas 14% das estradas são pavimentadas. “É um desafio para o campo de testes de durabilidade”, disse. |