Dezenove equipes formadas por estudantes de engenharia do Sul testam aeronaves radiocontroladas para disputar a 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, que será realizada de 30 de outubro a 2 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP. Os 19 aviões, em escala reduzida, pertencem a 250 universitários, oriundos de 12 instituições de ensino - duas do Paraná, oito do Rio Grande do Sul e duas de Santa Catarina. No ano passado, a região teve 17 equipes inscritas.
Ao todo, este ano, 95 equipes inscreveram-se para a competição de engenharia: 87 do Brasil e oito do Exterior – Venezuela (quatro), México (duas), Peru (uma) e, pela primeira vez, Polônia (uma). Todas as equipes, que reúnem mais de 1,3 mil participantes, entre estudantes, professores orientadores e pilotos, foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados como projeto extracurricular em suas instituições de ensino.
A competição contempla três categorias de aeronaves: Classe Regular (64 equipes), Classe Advanced (cinco equipes) e Classe Micro (26 equipes). O grande desafio é fazer com que as aeronaves transportem o maior peso possível de “carga útil” em voo, de acordo com requisitos de cada categoria.
PARANÁ – O Estado será representado por três equipes, uma delas a UTFalcon, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A equipe desenvolveu um monoplano para a Classe Regular, com asa trapezoidal, motor tractor (hélices puxando a aeronave) e empenagem convencional, além de tubo de cauda e trem de pouso com configuração do tipo triciclo. A novidade é a utilização de materiais compósitos à base de carbono. “Esperamos, com isso, ter uma considerável diminuição de peso do protótipo e uma estrutura mais resistente”, afirma Harumi Fany Watanabe, a capitã. Com 12 componentes, a equipe não conta qual o peso do projeto, que tem capacidade para transportar 7 kg de carga. As outras duas equipes paranaenses são a Acalantis, da mesma universidade, e AeroCataratas, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
RIO GRANDE DO SUL – O Estado gaúcho possui 11 equipes inscritas (sete em 2013). São elas: a Carancho, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); a Pampa Aerodesign e a Pampa Aerodesign Regular, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); a MasBáh Aerodesign, da Faculdade Horizontina (Fahor); a Kamikase, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC); a Aerovin e a Aerosul, da Universidade de Caxias do Sul (UCS); a Ifarrapos e a Ifarrapos Micro, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul Farroupilha (IFRS); a Aeropampa, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa); e a Aeromissões, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI).
Com a 28ª colocação em 2013, entre 75 equipes inscritas na Classe Regular, a Aerosul, da Universidade de Caxias do Sul, testa um monoplano de asa reto-trapezoidal, com profundor T invertido, bastante modificado em relação ao projeto anterior. “Mudamos o perfil de asa, aplicamos um motor mais leve sem alterar o desempenho, aumentamos de 4,5 m para 6,9 m a envergadura e a fuselagem passou por softwares de análises de elementos”, conta Felipe Biondo, capitão da equipe, com 15 alunos. A capacidade de carga do projeto está estimada em 11,5 kg.
SANTA CATARINA – O Estado catarinense possui cinco equipes inscritas: a Céu-Azul Micro, a Cem Asas e a Céu-Azul Aeronaves, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e a Albatroz AeroDesign e a Albatroz AeroDesign Micro, ambas da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Quinta colocada entre 23 equipes inscritas, na categoria em 2013, a Céu-Azul Micro voltará novamente com um bimotor. O avião é um monoplano com asa alta, construído com madeira balsa e fibra de carbono. Em relação a 2013, houve mudanças no formato do avião e nos materiais empregados. “O nosso projeto é muito confiável e resistente, com cálculos validados e inúmeros testes de telemetria”, afirma Bruno Fernandes Barkemeyer, capitão da equipe, com 10 integrantes.
PROVAS – Em São José dos Campos, as avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2015, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“As competições estudantis da SAE BRASIL proporcionam aos futuros engenheiros a oportunidade de por em prática as teorias aprendidas nas salas de aula e, assim, desenvolver capacidades e a paixão necessárias a uma boa formação profissional”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
REGULAMENTO – Os aviões da Classe Regular e da Classe Advanced poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. Já as aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Nas três categorias, as aeronaves deverão decolar em distância máxima de 61 m.
Para competir na Classe Regular, as aeronaves devem respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não pode exceder 0,775m². São permitidas apenas aeronaves monomotores – e o motor deve ser selecionado entre cinco indicados no regulamento.
Na Classe Advanced, a única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3 kg. A seleção do número de motores e do tipo do motor é totalmente livre, podendo ser a combustão ou elétrico.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar em compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Todas as aeronaves devem carregar a mesma carga em todos os voos: 40 bolinhas. A pontuação de voo será dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos que a equipe conseguirá realizar com sucesso. Para esta categoria não existem restrições geométricas nem ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³. |