Projetar e construir aeronaves radiocontroladas, em escala reduzida, é o desafio de 18 equipes do Estado de Minas Gerais, que participarão da 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign. O encontro será realizado entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP. Os 18 projetos mobilizam cerca de 260 estudantes, oriundos de 11 instituições de ensino. É a segunda maior participação estadual na competição de engenharia, após São Paulo.
Ao todo, 95 equipes inscreveram-se para a competição: 87 do Brasil e oito do Exterior – Venezuela (quatro), México (duas), Peru (uma) e, pela primeira vez, Polônia (uma). Todas as equipes, que reúnem mais de 1,3 mil participantes, entre estudantes, professores orientadores e pilotos, foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados como projeto extracurricular em suas instituições de ensino.
A competição contempla três categorias de aeronaves: Classe Regular (64 equipes), Classe Advanced (cinco equipes) e Classe Micro (26 equipes). O objetivo é que cada aeronave transporte o maior peso de carga durante o voo, de acordo com a categoria.
OURO PRETO – Com 14 alunos, a equipe veterana 12Bis, da Universidade Federal de Outro Pedro (UFOP), trabalha num monoplano para transportar 9,5 kg de carga e 5.100 cm³ de litros de água, numa velocidade de 22 m/s. Em testes desde junho, o projeto utiliza fibra de carbono, madeira balsa, honeycomb e microlite (filme plástico bastante leve, próprio para revestimento de aeronaves). A principal inovação foi o desenvolvimento de um sistema de telemetria conectado a um computador hospedeiro. “É possível receber dados de voo em tempo real, que nos permitem criar gráficos de estabilidade e controle da aeronave, e assim melhorarmos a manobrabilidade do nosso avião”, explica Rosenaire Rezende de Souza, capitã da equipe, 16ª colocada entre as 75 equipes inscritas na Classe Regular, em 2013.
BELO HORIZONTE – Terceira colocada entre as 75 equipes inscritas na Classe Regular, em 2013, a Uai, Sô! Fly!!!, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), volta com um projeto também muito competitivo, em testes desde maio. A equipe projetou um monoplano com trem de pouso do tipo triciclo e empenagem toda móvel – vertical única –, capaz de carregar até 15 kg. “Além de uma otimização mais criteriosa na concepção do projeto, a equipe utilizou novos programas de otimização estrutural e instalou um winglet nas pontas das asas e também com um flape. “Esses dois dispositivos aumentaram bastante a nossa capacidade de carga”, adianta Eduardo Augusto de Melo, capitão da equipe, com 15 integrantes. A UFMG será representada, ainda, pela equipe Uai Sô! Fly!!! Kids, da Classe Micro e também com 15 estudantes.
Também representarão Minas Gerais as equipes Cefast Aerodesign e Aerotrônica, ambas do Centro Federal Tecnológico de Minas Gerais (Cefet-MG); Flying Priest, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas); Raptor e Microraptor, ambas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Acauã e Acauazim, ambas da Universidade Federal de Viçosa (UFV); Trem Ki Voa (Micro) e Trem Ki Voa (Regular), ambas da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ); Triângulo Aéreo, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); Tucano Aerodesign e Tucano Micro, ambas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); Uirá e Uirá Micro, ambas da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI); e Apollo, da Faculdade Pitágoras.
PROVAS – Em São José dos Campos, as avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma da Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações, ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2015, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar na Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“A introdução de novas tecnologias e sua aplicação sistêmica para finalidades sociais e econômicas é a filosofia que norteia as competições de engenharia da SAE BRASIL, com as quais visamos estimular os estudantes para a inovação e ajudá-los na qualificação exigida pela indústria”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
REGULAMENTO – Os aviões da Classe Regular e da Classe Advanced poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. Já as aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Nas três categorias, as aeronaves deverão decolar em distância máxima de 61 m.
Para competir na Classe Regular, as aeronaves devem respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não pode exceder 0,775m². São permitidas apenas aeronaves monomotores – e o motor deve ser selecionado entre cinco indicados no regulamento.
Na Classe Advanced, a única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3 kg. A seleção do número de motores e do tipo do motor é totalmente livre, podendo ser a combustão ou elétrico.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar em compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Todas as aeronaves devem carregar a mesma carga em todos os voos: 40 bolinhas. A pontuação de voo será dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos que a equipe conseguirá realizar com sucesso. Para esta categoria não existem restrições geométricas nem ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³. |