Sessenta estudantes de engenharia do Centro Oeste do País trabalham na construção de quatro aeronaves radiocontroladas, projetadas e construídas em escala reduzida, para disputar a 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign. A competição será realizada entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP. Os projetos das quatro equipes envolvem cerca de 60 estudantes de três instituições de ensino, sendo duas do Distrito Federal e uma do Mato Grosso. No ano passado também foram quatro equipes da região a participarem da competição.
Ao todo, inscreveram-se para a competição 95 equipes: 87 do Brasil e oito do Exterior – Venezuela (quatro), México (duas), Peru (uma) e, pela primeira vez, Polônia (uma). Todas as equipes, que reúnem mais de 1,3 mil participantes, entre universitários, professores orientadores e pilotos, foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados como projeto extracurricular em suas instituições de ensino.
A competição contempla três categorias de aeronaves: Classe Regular (64 equipes), Classe Advanced (cinco equipes) e Classe Micro (26 equipes). O grande desafio é fazer com que as aeronaves transportem o maior peso possível de “carga útil” em voo, de acordo com requisitos de cada categoria.
DISTRITO FEDERAL – O Distrito Federal será representado por três equipes: Draco Volans e FGAir, da Universidade de Brasília (UnB); e Antonov, da Universidade Paulista do Distrito Federal (UNIP-DF). Inscrita na Classe Regular, a veterana Draco Volans construiu um avião monoplano. “É um grande desafio para a nossa equipe, pois lidamos com as mesmas dificuldades do engenheiro aeronáutico; somos obrigados a obter soluções que vão além da sala de aula”, conta Rodrigo Carneiro Bicalho, capitão da equipe, 10ª colocada em 2013 na categoria. Para o estudante de engenharia mecânica, o regulamento deste ano limitou bastante o tamanho das aeronaves. “No ano passado, a nossa asa possuía 1 m², hoje a nossa aeronave inteira não pode ultrapassar 0,775 m², uma redução aproximadamente de 2/3 do avião do ano anterior. Isso implica numa diminuição da carga total do avião”, afirma.
MATO GROSSO – O Estado do Mato Grosso será representado pela equipe Pantaero, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que participa pela Classe Micro. A equipe constrói avião monoplano com asa totalmente reta e motor em configuração tractor (hélice à frente, puxando a aeronave). “Projetamos uma aeronave robusta e confiável, mas que ainda mantém uma relação entre a massa da carga transportada e a massa da aeronave vazia dentro de uma faixa de valor bastante competitiva”, afirma Marcelo Augusto Volz, capitão da equipe, 18ª colocada em 2013, na categoria.
PROVAS – Em São José dos Campos, as avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2015, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“As competições estudantis da SAE BRASIL proporcionam aos futuros engenheiros a oportunidade de por em prática as teorias aprendidas nas salas de aula e, assim, desenvolver capacidades e a paixão necessárias a uma boa formação profissional”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
REGULAMENTO – Os aviões da Classe Regular e da Classe Advanced poderão transportar qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. Já as aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Nas três categorias, as aeronaves deverão decolar em distância máxima de 61m.
Para competir na Classe Regular, as aeronaves devem respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não pode exceder 0,775m². São permitidas apenas aeronaves monomotores – e o motor deve ser selecionado entre cinco indicados no regulamento.
Na Classe Advanced, a única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3 kg. A seleção do número de motores e do tipo do motor é totalmente livre, podendo ser a combustão ou elétrico.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar em compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Todas as aeronaves devem carregar a mesma carga em todos os voos: 40 bolinhas. A pontuação de voo será dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos que a equipe conseguirá realizar com sucesso. Para esta categoria não existem restrições geométricas nem ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³. |