Estudantes de engenharia dos três Estados do Sul do País trabalham no projeto e construção de 17 aviões radiocontrolados para a 15ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, agendada de 24 a 27 de outubro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP.
Este ano, a competição bateu recorde de inscrições, com 105 equipes (98 em 2012), oriundas do Brasil, México, Venezuela e Peru, país que será representado pela primeira vez. Todas as equipes – somam 1.450 participantes entre estudantes, professores orientadores e pilotos – foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados, atividade esta adotada como projeto extracurricular por várias instituições de ensino de onde se originam as equipes.
Com três categorias de aeronaves: Classe Regular (76 equipes inscritas), Classe Advanced (6) e Classe Micro (23), a competição estimula as equipes projetarem aviões capazes de transportar o maior peso de carga durante o voo.
Na Classe Regular o desafio é carregar madeira do tipo MDF ou HDF (madeira prensada largamente utilizada na fabricação de móveis); enquanto na Classe Advanced, a carga transportada deverá ser água. As aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis.
A região Sul tem a segunda maior participação do País, após o Sudeste. Estão inscritas sete equipes do Rio Grande do Sul, cinco do Paraná e cinco de Santa Catarina.
Santa Catarina – A equipe Albatroz Micro, representante da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) é estreante na competição. Com seis integrantes, o grupo levará uma aeronave monoplana de asa alta. O avião da equipe, inscrita na Classe Micro, foi construído com fibra de carbono madeira balsa, compensado aeronáutico, alumínio e Oracover® (material plástico para revestimento). Pesa 1,5 kg e consegue transportar 1,2 kg de carga.
Outra equipe da UDESC é Albatroz Aerodesign, na Classe Regular. Santa Catarina será representada, ainda, por equipes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Paraná – Outra equipe estreante, a UTFalcon, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, tem o objetivo de aplicar os conceitos de engenharia em um projeto real. “Entrar na competição nos proporcionou conhecer um pouco do que será nosso ambiente de trabalho, e isso foi muito bom para nosso aprendizado”, explica Jonathan Willian Zarpellon, capitão da equipe, composta por nove estudantes. O avião da Classe Regular tem 2 metros de envergadura, pesa aproximadamente 3 kg, transporta 9 kg ou oito placas de madeira HDF e atinge velocidade de 19 m/s.
Representante da Universidade Federal do Paraná, a equipe Burning Goose RDP conta com 15 integrantes e levará para a competição uma aeronave com apenas 2,5 kg, que segundo Gustavo Sprotte Andrade, capitão da equipe, é a principal mudança do projeto em relação a 2012. “O nosso ponto forte nesta edição é o fato de a nossa aeronave ser pequena e leve. Aqui na universidade nunca foi apresentado um projeto como esse, que é da Categoria Regular”, comenta.
Rio Grande do Sul – A equipe Aerosul, da gaúcha Universidade de Caxias do Sul (UCS), projetou uma aeronave 10% menor e 12% mais leve do que a do ano passado. Para atingir o resultado a equipe utilizou estrutura treliçada com barras de fibra de carbono, perfis em espuma de PVC e madeira balsa. “O uso de materiais mais nobres permitiu reduzir o peso da aeronave que está com 2,47 kg e consegue transportar 60 placas de madeira (14 kg)”, conta Maicon Milton Santini, capitão da equipe. A principal inovação, porém, foi o desenvolvimento de um projeto elétrico com sistemas de proteção e segurança, para prevenção contra descargas elétricas.
Provas - As avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br.
Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2014, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“As competições estudantis da SAE BRASIL proporcionam aos futuros engenheiros a oportunidade de por em prática as teorias aprendidas nas salas de aula e, assim, desenvolver capacidades e a paixão necessárias a uma boa formação profissional”, afirma o engenheiro Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.
Regulamento - Os aviões da Classe Regular deverão transportar madeira do tipo MDF ou HDF (madeira prensada utilizada na fabricação de móveis). Na Classe Advanced, a carga transportada deverá ser água, depositada em tanques montados na fuselagem. As aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Na Classe Advanced, a água transportada pela aeronave deverá ser drenada após cada voo, com o tempo de drenagem cronometrado, e a massa da água transportada determinada para fins de pontuação. As aeronaves da categoria podem usar mais de um motor, porém a soma da cilindrada não pode exceder 0,50in3 (8,2cm3).
Já na Classe Regular os aviões são monomotores, com cilindrada padronizada em 10 cc (10cm3 ou 0,61in3). As aeronaves serão menores em relação a 2011, pois a limitação dimensional máxima reduziu cerca de 70cm, porém compartimentos de carga maiores. Os aviões da categoria deverão decolar em uma distância máxima de 50m.
Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deverão estar num compartimento fechado e não poderão estar presas entre si. Em 2013 as aeronaves deverão decolar de uma pista de até 50m (mesma pista das demais classes). Os aviões da Classe Micro não têm restrições geométricas nem quanto ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave numa caixa de 0,175m³. |