Oito carros tipo Fórmula projetados e construídos por estudantes de engenharia de Minas Gerais e do Rio de Janeiro recebem os últimos ajustes para participar da 9ª Competição Fórmula SAE BRASIL-PETROBRAS, que será realizada no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), em Piracicaba, interior paulista, de 30 de novembro a 2 de dezembro.
A competição, que lança este ano a categoria de carros elétricos (disputada por três equipes de São Paulo e uma de Minas Gerais), terá 31 equipes no total com 600 universitários de 27 instituições de ensino superior do Brasil, vindos das regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste. Na tradicional categoria de carros com motores movidos a combustão estão inscritas, ao todo, 27 equipes (22 em 2011) de todo o País.
Minas Gerais - O Estado de Minas será representado pelas equipes Fórmula Cefast, do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet MG); Fórmula UFMG, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Cheetah Racing e a estreante Iron Racers, da Universidade Federal de Itajubá (UniFEI campus Itabira); e a Cheetah Racing, da (UniFEI campus Itajubá), única equipe mineira inscrita na categoria de carros elétricos.
A veterana Fórmula Cefast, do Cefet MG, investiu no uso de sistema de telemetria com três módulos e comunicação via câmera, fabricado pela equipe para acompanhar informações de tempo de motor ligado, velocidade, consumo de combustível, entre outros dados.
Outras alterações para melhorias em conforto e desempenho do carro foram aplicadas pela equipe, que também confeccionou um chicote 3D, substituiu o motor por um modelo mais novo e potente, trocou a central eletrônica do sistema de suspensão, que passou a ter uma barra estabilizadora, e substituiu o sistema de direção que agora possui junta universal. “Esperamos completar todas as provas e manter a equipe entre as melhores”, diz Carlos Augusto Pereira da Costa, capitão da equipe que em 2011 conquistou a 6ª posição entre 22 equipes participantes.
A Iron Racers, com 16 integrantes, apostou no uso de testes de simulações computacionais para desenvolvimento e planejamento do protótipo que estreia na prova. “Nesta primeira participação projetamos um carro robusto capaz de suportar todos os testes da competição”, afirma o capitão Gabriel Duarte do Páteo, estudante de Engenharia Mecânica. O carro tem a carenagem assemelhada a de um Fórmula 1, em fibra de vidro.
Rio de Janeiro – A Equipe Icarus Michelin UFRJ, formada por 20 estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, construiu um carro robusto e com facilidade para manutenção e reparo, característica obtida com a redução de peças e simplicidade nos processos de montagem. Os futuros engenheiros inovaram com o emprego de materiais compósitos e novos processos de fabricação, como usinagem por comando numérico. O carro pesa 290 kg e atinge velocidade máxima de 200 km/h. “Os materiais foram selecionados de acordo com as exigências do projeto, como leveza, resistência e baixo custo”, explica Sara Maria de Souza, única capitã de equipe da competição. Também participarão da prova as equipes Buffalo, da Universidade Federal Fluminense (UFF); e Ufformula, da UFF campus Volta Redonda.
AVALIAÇÃO - Em Piracicaba, os carros serão avaliados por especialistas da indústria da mobilidade, desde a concepção técnica (projeto, relatórios de engenharia e inspeção técnica de segurança) até viabilidade comercial (relatório de custos e apresentação do produto) e também em provas dinâmicas. No domingo, acontecerá a prova mais difícil: o enduro de resistência de 22 km, numa pista travada, que exige muito dos carros e pilotos.
Ao final da competição, duas das equipes da Categoria Combustão e uma da estreante Categoria Elétrica que obtiverem as melhores pontuações na soma geral das provas poderão representar o Brasil nas competições da SAE INTERNATIONAL, em 2013, nos Estados Unidos: na Categoria Combustão, a primeira colocada poderá participar da Fórmula SAE Michigan, e a segunda colocada, da Fórmula SAE Lincoln, na Califórnia, onde a Categoria Elétrica fará sua estreia nas competições da SAE INTERNATIONAL no próximo ano.
ESPECIALIZAÇÃO - Os carros Fórmula SAE a combustão têm motores de 4 tempos e cilindrada máxima de 610 cm³. Já os elétricos devem ser tracionados com motores elétricos alimentados a partir de baterias de até 600 volts. A construção dos veículos deve obedecer às normas do regulamento da competição, disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br -, que exige das equipes (com até 20 integrantes) especialização nos variados sistemas que compõem um carro desse tipo, como powertrain, freios, direção, suspensão, sistemas elétricos, chassis e segurança.
Os carros Fórmula SAE surgiram em 1978, nos EUA, e, desde então, são projetados por equipes de estudantes de graduação e pós-graduação de engenharia, de acordo com regras definidas pela SAE INTERNATIONAL e sob a orientação de um professor. As competições de carros Fórmula SAE Combustão são realizadas também na Inglaterra, Alemanha, Austrália, Áustria, Espanha, Hungria, Itália e Japão. O Brasil ingressou no circuito em 2004. A categoria Elétrica faz parte das competições dos EUA, Alemanha, Itália, Inglaterra, Austrália e, agora, do Brasil.
“É na prática das teorias aprendidas na universidade que se desenvolvem as capacidades e a paixão pela engenharia, muito importantes para a formação do profissional. E as competições estudantis da SAE BRASIL proporcionam isso”, afirma Vagner Galeote, presidente da SAE BRASIL. |