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 Release
12/11/2012
ARTIGO - Brasil sem sopa e tigela

* Mauro Andreassa

O processo de inovação exige a criação de um ambiente fértil para o surgimento de ideias que possam ser realmente tidas como criativas e que gerem registros de patentes com potencial de comercialização. No Brasil, o total de cursos de pós-graduação avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) cresceu 20,8% no Brasil de 2007 a 2010. O setor industrial continua a contribuir para o PIB com cerca de 30% apesar do sofrimento da indústria de transformação com importações e taxa de câmbio desfavorável. Mesmo com essa manifestação de razoável de vitalidade, todas as empresas brasileiras reunidas não conseguiram registrar nem metade do volume da Toyota, que sozinha registrou no mercado internacional mais de mil patentes em 2009.

O Vale do Silício, nos EUA, berço de alguns ícones americanos como HP e Apple, também passa pela discussão do grau de inovação. Europa e Ásia lideram a tecnologia da comunicação móvel. China e Índia são fortes nas pesquisas dos fundamentos das ciências da computação e software, respectivamente. Os analistas americanos indagam se o Vale do Silício está em decadência e se perguntam onde estariam as “garagens” com jovens geniais e empreendedores.

Uma interessante contribuição para essa discussão é a metáfora da “sopa, tigela e o lugar à mesa” criada por David Walker e publicada no Design Management Journal: A “sopa”, rica em proteínas e vitaminas, pode ser comparada a pequenos grupos com rica mistura de pessoas criativas de diversas áreas do conhecimento. Grande parte da inovação reside na combinação desse conhecimento. Vários são os exemplos: o cristal líquido, hoje comum em equipamentos eletrônicos, foi descoberto casualmente em 1888 pelo botânico Friedrich Reinitzer, na Universidade de Praga, quando pesquisava as propriedades do colesterol. Já a descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, em 1953, por Francis Crick e James Watsonno, na Inglaterra, ocorreu graças às técnicas de análise de cristalografia, vertente não muito próxima da biologia.

Por sua vez a “tigela” é onde essa mistura é aquecida e apurada. Na vida corporativa ou acadêmica, equivaleria ao conjunto de crenças e valores que permitem o relacionamento interpessoal entre especialistas. Essa habilidade é tida como pré-requisito para qualquer um que se nomeie assim, e chave para a interação de conhecimentos. O gerenciamento efetivo de tudo isso deve permitir a interatividade dos conhecimentos e para geração de novas ideias. A “tigela”, onde o ambiente informal prevalece, é o lugar da criação da “garagem” do Vale do Silício. Local onde os títulos acadêmicos não fazem diferença e onde não há placas com nomes nas portas dos escritórios e nas vagas de estacionamento. Onde se permite a conversa informal sem objetivo aparente imediato e onde não existe aversão ao fracasso, mesmo porque, o fracasso pode ser o combustível para a próxima ideia. A “tigela” precisa ser um lugar seguro.

Por fim, “o lugar à mesa” equivale à liderança e visão de futuro da inovação. Na economia, Adam Smith propôs na sua obra “Riqueza das Nações” que através da livre concorrência o mercado não precisaria da interferência do governo e que uma mão invisível conduziria a economia à riqueza. Esse conceito foi posto à prova na crise econômica de 2008. Haveria, sim, a necessidade da intervenção do Estado fazendo com que a sociedade caminhasse para o objetivo desejado. Também no mundo da inovação a mão invisível não está nos impulsionando para o lado certo. Assim, comemoramos o aumento de oferta de cursos e de vagas para estudantes, a diminuição do desemprego, o aumento na produção científica, mas ainda não atingimos proficiência em nenhuma área do conhecimento.

Essa falta de motivação e foco em áreas específicas do conhecimento põe em risco não somente a competitividade brasileira em relação à China e Índia, mas a própria continuidade do crescimento do País. A reflexão que precisa ser feita é qual o incentivo dado a cursos para arregimentar pesquisadores, como os laboratórios estão sendo atualizados, e como os currículos vem sendo adaptados para esse objetivo.

A “mesa posta com as tigelas” no Brasil pode ser desmotivadora se não tomarmos cuidado. Os acadêmicos alimentam certo receio às ideias inovadoras no que tange à ciência tradicional. Por sua vez, as corporações vivem ameaçadas pelo risco financeiro. Taxas de retorno hostis podem paralisar a criatividade. As mentes inovadoras vivem cerceadas pelas aversões aos riscos financeiro e acadêmico. Ainda há tempo de tratar destas aversões. Mas não muito.

* Mauro Andreassa é membro do Comitê de Educação de Engenharia da SAE BRASIL e professor associado do Instituto Mauá de Tecnologia




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