Estudantes de engenharia dos três Estados do Sul trabalham no projeto e construção de 17 aviões radiocontrolados para a 14ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, agendada de 1º a 4 de novembro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, SP. A competição reunirá 98 equipes do Brasil, Venezuela, México, Canadá e EUA.
A região Sul tem a segunda maior participação do País, após o Sudeste. Estão inscritas oito equipes do Rio Grande do Sul, cinco do Paraná e quatro de Santa Catarina.
A Competição reúne aviões em três categorias: Classe Regular, Advanced e Micro. Este ano, houve mudança no regulamento e as equipes foram desafiadas a projetarem aviões capazes de transportar diferentes materiais como carga.
Na Classe Regular o desafio é carregar madeira do tipo MDF ou HDF (madeira prensada largamente utilizada na fabricação de móveis); enquanto na Classe Advanced, a carga transportada deverá ser água. As aeronaves da Classe Micro deverão transportar bolinhas de tênis. Antes as três categorias tinham de transportar barras de chumbo ou aço, materiais consideravelmente mais densos.
Santa Catarina – Para conquistar bom desempenho diante das novas regras, a equipe veterana Céu Azul, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), usou a simulação computacional no projeto. “Buscamos prever o que acontecerá na prática e sem perder tempo. Estamos confiantes”, diz o estudante de Engenharia Mecânica, Fabio Sena, capitão da equipe, composta por 15 universitários.
O avião da Céu Azul, que participa na Classe Regular, foi construído com fibra de carbono e kevlar, isopor, Divinycell e alumínio aeronáutico. Pesa em torno de 2 kg e consegue transportar cerca de 10 kg de carga, em velocidade de 60 km/h. A UFSC será representada, também, pelas equipes Céu Azul Micro (2ª colocada em 2011), da Classe Micro, e Cem Asas, da Classe Aberta.
Paraná – A equipe estreante Acalantis, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, não conheceu o regulamento anterior, mas aposta num projeto simples, que obedeça as regras e faça voos estáveis. “O nosso objetivo é aprender”, explica Lucas Figueiredo, capitão da equipe composta por 13 estudantes. O avião da Classe Regular tem 2,8 metros de envergadura, pesa 3,5 kg, transporta 13 kg ou 22 placas de madeira HDF e atinge velocidade de 15 m/s.
Rio Grande do Sul – A equipe Kamikase, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), do Rio Grande do Sul, precisou substituir o material utilizado no acabamento da aeronave para compensar o aumento de peso do compartimento de carga, que está maior para transportar madeira. “Para compensar o peso substituímos o material Monokote pelo Oracover, 85% mais leve”, conta Julio Foster capitão da equipe, que em 2011 conquistou a 12ª posição.
Ainda, para garantir leveza e resistência a equipe utilizou madeira balsa, Divinycel, tecido de fibra de carbono e híbrido para a construção. O avião, da Classe Regular, pesa 3 kg e transporta 12,5 kg de madeira HDF. “Pretendemos nos destacar como a melhor equipe da região Sul”, acrescenta Foster, estudante de Engenharia Mecânica.
Regulamento – Os aviões da Classe Regular, que deverão transportar madeira, são monomotores, com cilindrada padronizada em 10 cc (10cm3 ou 0,61in3). As aeronaves serão menores em 2012, pois a limitação dimensional máxima reduziu cerca de 70cm, porém terão compartimentos de carga maiores. Todos deverão decolar em uma distância máxima de 50m. Nos aviões da Classe Advanced, a carga transportada deverá ser água, depositada em tanques montados na fuselagem. As aeronaves da categoria podem usar mais de um motor, porém a soma da cilindrada não pode exceder 0,50in3 (8,2cm3). Em 2011, a cilindrada máxima ficava entre 10,65 cm3 (0.65 in3) e 15,07cm3 (0.92 in3). As aeronaves da Classe Micro terão que transportar as bolinhas de tênis dentro de um compartimento fechado. Lançados à mão, os aviões da Classe Micro não têm restrições geométricas nem quanto ao número de motores, porém a equipe deverá ser capaz de transportar a aeronave numa caixa de 0,175m³. Nesta categoria os motores são elétricos.
Provas - As avaliações e a classificação das equipes serão realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br. Ao final do evento, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem melhores as pontuações ganham o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2013, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico de conquistas: seis primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Aberta e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International.
Organizado pela Seção Regional São José dos Campos, da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.
“Na competição os jovens também descobrem como trabalhar em equipe e dentro das regras do jogo, situação que eles vão enfrentar mais tarde nas empresas como profissionais”, conta Vagner Galeote, presidente da SAE BRASIL, realizadora da competição.
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