Nove carros tipo off-road projetados e construídos por cerca de 180 universitários do Rio de Janeiro e Espírito Santo se preparam para enfrentar o barro de Piracicaba, Interior de São Paulo, na 18ª Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS. Marcada entre os dias 22 e 25 de março, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), a competição de engenharia reunirá o total de 71 equipes de 15 Estados brasileiros e do Distrito Federal, somando 1,4 mil estudantes.
Rio de Janeiro – O estado do Rio de Janeiro será representado por sete equipes: Beirute Baja SAE, do Instituto Politécnico Campus Regional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Super Baja, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Minerva Baja UFRJ 1 e Minerva Baja UFRJ 2, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Reptiles PUC-RIO, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; equipe Tuffão, da Universidade Federal Fluminense; e equipe VR Baja, da Universidade Federal Fluminense - campus Volta Redonda.
As equipes realizam os últimos ajustes nos veículos, que estão em fase de testes nas instituições de ensino. A equipe VR Baja trabalha no projeto e construção do carro há quase um ano. Para garantir melhor desempenho e resistência ao carro os estudantes redimensionaram as peças; a geometria da direção foi modificada para melhorar a dirigibilidade, e, para aperfeiçoar a estabilidade do veículo em curvas, a suspensão traseira adotada foi a Semi Traling Arm, independente nas quatro rodas.
A equipe inovou ainda na parte de segurança, aplicando uma peça em fibra de vidro na parte frontal da carenagem. “A fibra de vidro é resistente a impactos, por isso a utilizamos para garantir segurança do piloto em choques ou o contato com objetos que pudessem atingi-lo pela frente do veículo”, explica o capitão Douglas de Oliveira, que espera destacar a equipe como a melhor do Estado.
Espírito Santo – O Estado do Espírito Santo será representado por duas equipes, ambas da Universidade Federal do Espírito Santo, a Vitória Baja 1 e Vitória Baja 2.
Formada por 15 estudantes de engenharia, a Vitória Baja 1 compete com novidades no sistema de transmissão do veículo. A polia secundária, responsável pelo acionamento do sistema, foi totalmente projetada pela equipe. Além disso, desenvolveu a bandeja da suspensão traseira em alumínio, o que reduziu cerca de 17,4 kg o peso do protótipo de 174 kg. “Participar da competição motiva os membros da equipe, pois a carga de conhecimento adquirida é muito grande” considera o capitão André Maia.
Os Bajas SAE são projetados e construídos pelos estudantes, supervisionados por um professor, dentro das instituições de ensino como projeto extracurricular. Em Piracicaba, as equipes e os veículos serão avaliados por especialistas da indústria da mobilidade. Entre as provas estão avaliações de projeto, por meio de relatórios e apresentação, testes de tração, aceleração, velocidade máxima e o esperado enduro de resistência, que tem quatro horas de duração e é feito em pista de terra com muitos obstáculos, em condições “off-road”.
No final, as equipes das três instituições representadas que alcançarem as melhores pontuações na soma geral das provas estáticas e dinâmicas ganham o direito de representar o Brasil na Baja SAE Wisconsin (EUA), de 7 a 10 de junho deste ano. A competição norte-americana costuma reunir mais de 90 equipes de diferentes países. O Brasil acumula quatro vitórias.
Carros - Os Baja SAE são protótipos de estrutura tubular em aço, monopostos, para uso fora-de-estrada, com quatro ou mais rodas, motor padrão de 10 HP e capacidade para abrigar um piloto de até 1,90m de altura e até 113,4 kg de peso. Todo o sistema de suspensão, transmissão, freios e o próprio chassi são desenvolvidos pelas equipes, que têm, ainda, a tarefa de buscar patrocínio para viabilizar o projeto e a viagem da equipe ao local da competição.
O Projeto Baja é o primeiro e um dos programas de maior sucesso organizados pela SAE BRASIL na capacitação dos futuros engenheiros, no qual estudantes são envolvidos em caso real de desenvolvimento de um veículo em todas as ações correlatas. Além de praticarem os conceitos teóricos adquiridos em sala de aula, todas as equipes são submetidas a experiências encontradas na indústria, como trabalho em equipe, atendimento de prazos, busca de suporte financeiro para o projeto e diversas atividades, muitas delas em áreas não exploradas nos cursos regulares, mas que incentivam a criatividade e o surgimento de lideranças. Atualmente, muitas empresas priorizam a contratação de ex-participantes do Projeto por causa da preparação.
O engenheiro Vagner Galeote, presidente da SAE BRASIL, comenta que as competições estudantis promovidas pela entidade desafiam os estudantes no que toca às habilidades mais desejadas pelo mercado nos profissionais da engenharia. “Os jovens aprendem a trabalhar em equipe, concebem, constroem e testam o projeto, tudo dentro das rígidas regras da competição”, conta Galeote.
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