Forte apelo ambiental e produção de quase todas as peças são a marca registrada dos sete carros (Baja SAE) projetados e construídos por cerca de 150 universitários de Minas Gerais, que disputarão a 18ª Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS, de 22 a 25 de março, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), em Piracicaba, São Paulo.
Na equipe Komiketo Baja UFSJ 1, da Universidade Federal de São João Del Rei, quase 70% dos materiais usados na construção do Baja SAE podem ser reciclados, como aço, alumínio, bronze, elastômero, polímero e tecido. A equipe é uma das sete que representarão Minas Gerais na competição de engenharia, que reunirá, ao todo, 71 equipes de 15 Estados brasileiros e do Distrito Federal.
A equipe Komiketo Baja UFSJ 1 também inovou em segurança ao desenvolver proteção para o sistema automático de transmissão em fibra de carbono e aramida, materiais leves e de alta resistência. “O regulamento pede cinta de malha de aço, porém criamos protetor mais seguro e menos pesado”, conta Tiago Nascimento, capitão da equipe, que espera lugar no pódio. O projeto da equipe foi apresentado durante o Congresso SAE BRASIL, em outubro.
A equipe ainda desenvolveu o amortecedor e aperfeiçoou o sistema de cambagem das rodas, que agora permite regulagem conforme o perfil do motorista. A UFSJ também será representada na competição pela equipe Komiketo Baja UFSJ 2, que empregou novos materiais para reduzir em 7 kg o peso do carro.
UFMG - Outra representante mineira é a equipe Baja UFMG, com 22 estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais, que trabalhou com fonte de geração de energia limpa, convertendo o calor do motor e dos módulos termoelétricos em energia elétrica. A equipe também reduziu 10% do peso total do veículo com reprojeto de peças e uso de materiais, como nylon, aplicado na suspensão e transmissão.
“O nylon absorve energia e reduz vibrações e sobrecarga”, explica Rafael Couto de Castro Alves, capitão da equipe, que participa da competição há 15 anos. O carro pesa 170 kg e atinge velocidade máxima de 66 km/h.
Também estão inscritas na competição as equipes Cefast, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais; Saci, da Universidade Federal de Itajubá; UFV Baja, da Universidade Federal de Viçosa; e Una Baja, do Centro Universitário UNA.
Carros - Os Baja SAE são protótipos de estrutura tubular em aço, monopostos, para uso fora-de-estrada, com quatro ou mais rodas, motor padrão de 10 HP e capacidade para abrigar um piloto de até 1,90m de altura e até 113,4 kg de peso. Todo o sistema de suspensão, transmissão, freios e o próprio chassi são desenvolvidos pelas equipes, que, ainda, buscam patrocínio para viabilizar o projeto e a viagem da equipe até a competição.
O Projeto Baja é o primeiro e um dos programas de maior sucesso organizados pela SAE BRASIL na capacitação dos futuros engenheiros, no qual estudantes são envolvidos em caso real de desenvolvimento de um veículo em todas as ações correlatas. Além de praticarem os conceitos teóricos adquiridos em sala de aula, todas as equipes são submetidas a experiências encontradas na indústria, como trabalho em equipe, atendimento de prazos, busca de suporte financeiro para o projeto e diversas atividades, muitas delas em áreas não exploradas nos cursos regulares, mas que incentivam a criatividade e o surgimento de lideranças. Atualmente, muitas empresas priorizam a contratação de ex-participantes do Projeto por causa da preparação.
O engenheiro Vagner Galeote, presidente da SAE BRASIL, comenta que as competições estudantis promovidas pela entidade desafiam os estudantes no que toca às habilidades mais desejadas pelo mercado nos profissionais da engenharia. “Os jovens aprendem a trabalhar em equipe, concebem, constroem e testam o projeto, tudo dentro das rígidas regras da competição”, conta Galeote.
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