A partir de hoje (29) até o dia 1º de maio (domingo), quatro equipes brasileiras, formadas por cerca de 40 estudantes de engenharia de São Paulo e Minas Gerais, representam o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, na cidade de Marietta, Georgia, Estados Unidos. A competição reune 75 equipes, que foram desafiadas a projetar e construir aviões em escala reduzida e rádiocontrolados, capazes de transportar o máximo de carga útil dentro das restrições impostas pela SAE International.
Divididos nas classes Regular, Micro e Avançada, os projetos foram desenvolvidos em instituições de ensino da Europa e das Américas. As equipes que representam o Brasil são a equipe Tucano, da Universidade Federal de Uberlândia (MG) e a equipe EESC-USP Regular, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo), ambas pela Classe Regular. Na categoria Avançada, a presença brasileira é com a equipe Leviatã, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São Paulo.
Outra participação do Brasil é com a equipe EESC-USP Micro, da Classe Micro, formada também por alunos da USP São Carlos. É a segunda vez que o País disputa essa categoria nos EUA. Em 2010, a mesma equipe ganhou a competição e os troféus de Maior Fração Pay Load (relação carga transportada e peso vazio do avião), Melhor Apresentação e Segundo Melhor Relatório. Nas classes Regular e Avançada o Brasil já venceu cinco vezes.
As quatro equipes ganharam o direito de participar da competição de engenharia após conquistarem as melhores colocações na XII Competição SAE BRASIL AeroDesign, ano passado, em São José dos Campos, SP.
No Cobb County Radio Control Modelers Club (CCRC), onde a competição é realizada, as equipes apresentam os projetos e os aviões passam por sucessivas baterias de testes. Os oito integrantes da equipe Tucano participam com um monoplano, asa alta com estabilizadores convencionais, trem de pouso triciclo e conjunto moto-propulsor dianteiro. O avião pesa 3 kg e é capaz de chegar a 80 km/h (22m/s). “Usamos software de otimização multidisciplinar que engloba desempenho, aerodinâmica, estrutura e estabilidade e, com isso, reduzimos riscos de perda durante o pouso”, diz o capitão Cássio Azevedo.
A equipe EESC-USP Regular compete, também, com monoplano, asa alta, motorização na configuração “tractor”, trem de pouso triciclo e empenagem em “U”, que atinge cerca de 90 km/h (25m/s). “Ao invés de fibras plásticas reforçadas (ou material composto), usamos viga com anéis que permitem o encaixe das longarinas das duas partes da asa na fuselagem, facilitando o transporte”, diz Gabriel Rovina, capitão da equipe.
Quatorze estudantes da equipe Leviatã disputam a competição com monomotor, equipado cauda “H”, de estrutura robusta. O projeto pesa 5,5 kg e pode transportar 25 kg de carga. “É um avião competitivo, capaz de atingir até 72km/h (20m/s) e de garantir troféu para o Brasil”, adianta o capitão Ney Rafael.
O monoplano da equipe EESC-USP Micro projetado para participar na Classe Micro pesa menos de 400 gramas, mas pode carregar mais de 1,5 kg e atingir 60 km/h. Possui propulsão elétrica e cauda e trem de pouso convencionais, além de aerofólios próprios. Fibras de aramida, carbono e de vidro foram alguns dos materiais utilizados. “São materiais usados pelo setor aeronáutico por causa da relação resistência-peso”, afirma Diego Lima, capitão da equipe.
Regulamento - Na Classe Advanced, não existem restrições geométricas às aeronaves ou ao número de motores instalados, desde que a soma das cilindradas dos motores não excedam 10.65cc (10.65cm3 ou 0.65in3). A distância máxima de decolagem deve ser medida por um sistema eletrônico embarcado. Desta categoria pedem participar inclusive, estudantes de pós-graduação. Já na Classe Regular, os aviões são monomotores, com cilindrada padronizada em 10cc (10cm3 ou 0,61in3). O regulamento impõe restrições geométricas que delimitam as dimensões máximas das aeronaves, e que devem ser capazes de decolar em uma distância máxima delimitada, de 61m (200ft).
A Classe Micro não impõe restrições geométricas aos projetos nem ao número de motores, porém a equipe deve ser capaz de transportar a aeronave dentro de uma caixa comercial de 20.32 x 7,62 x 10,16cm (8 x 3 x 4in). Nesta classe, as aeronaves devem usar motores elétricos e decolar em até 30,5m (100ft). No AeroDesign East 2011, o uso de barras de chumbo não é mais permitido. Nesse caso, a carga pode ser composta de barras metálicas (aço) ou material similar à escolha da equipe.
Vagner Galeote, presidente da SAE BRASIL, ressalta que o projeto SAE BRASIL AeroDesign completa a formação técnica dos futuros engenheiros. “É um reforço extracurricular, um estímulo às boas práticas da engenharia requeridas pelo mercado, como o trabalho em equipe, capacidade de liderança e planejamento, habilidade de vender ideias e projetos, além de incentivar o comportamento ético e profissional”, afirma Galeote.
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