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Release
05/07/2010
Nem tudo que é bom para Brasil é bom completamente
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Por Vicente Pimenta* |
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Os ventos do progresso sopram vigorosos no Brasil em tempos de euforia econômica, Olimpíadas e Copa do Mundo. Pensar na conjunção desses três fatores simultâneos nos leva à conclusão de estarmos vivendo um novo ciclo de prosperidade para o segmento de máquinas fora de estrada e agrícola. Muitas obras a serem feitas, muito dinheiro circulando, mais gente com acesso à comida... O que mais se pode desejar?
No entanto, é preciso cautela. Os bons ventos podem muito bem se transformar em tempestade, pois a oportunidade existe para todos e não apenas para o produtor brasileiro. Essa pode ser a ‘deixa’ para que alguns oportunistas, de todas as partes do globo, venham oferecer ao empresário brasileiro suas máquinas, muitas vezes de baixa tecnologia. Mas há algo que se possa fazer para a preservação dos investimentos das empresas do segmento de máquinas, sempre presentes no desenvolvimento do País?
Analisemos as principais dificuldades que o setor tem pela frente. Em primeiro lugar, um dólar defasado - que deve terminar este ano em torno de R$ 1,70 - e custos de produção em Reais crescentes. Isso atrapalha as vendas de produtos brasileiros para o exterior e aumenta o atrativo para o internacional.
Outra situação que traz desequilíbrio é o preço dos equipamentos. Não se conhece a carga de impostos que essas máquinas trazem de sua origem, nem que incentivos podem ter ou a condição de trabalho e salário dos funcionários. Porém, infelizmente, é sabido que muitos empresários por aqui trocam parcerias com empresas brasileiras, que lhes asseguraram garantia, assistência técnica e qualidade durante longos anos, por descontos que poderão custar muito caro mais tarde.
Por conta da ilusão de salvarem alguns trocados, arriscam seu negócio entrando de cabeça na incerteza. Porque a qualidade, aliás, é outra incógnita. Será mesmo que vai sair mais barato lá na frente?
E o que dizer do meio ambiente? Em qualquer lugar do mundo civilizado as máquinas têm de se enquadrar às leis de emissões, e essa é uma barreira para os nossos equipamentos serem comercializados lá fora. Mais uma vez, o Brasil anda em descompasso com o restante do planeta: sequer possuímos legislação de emissões que regulamente o setor.
Esse pequeno detalhe faz grande diferença porque ao exigir o cumprimento de uma legislação de emissões, o Brasil poderia impedir que máquinas poluidoras fossem utilizadas, ao mesmo tempo em que coibiria a entrada de equipamentos de baixa qualidade no País. Hoje qualquer escritório pode vender livremente equipamentos importados no Brasil. Mas para o produtor brasileiro vender seu produto lá fora é bem mais complicado.
Este é o cenário: o produtor pressionado pelo dólar baixo, apostando na engenharia brasileira e oferecendo ao empresário das obras civis e agrícolas um produto de qualidade com garantia e rede de assistência técnica, compete, muitas vezes, com produtos de baixa qualidade, que podem entrar livremente no País e com custos bastante baixos. O desequilíbrio é flagrante. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), a China deve se converter na segunda maior exportadora de máquinas ao Brasil, em 2010, ultrapassando a Alemanha.
E tem mais um detalhe. Depois de um período de recessão no setor, as vendas voltaram a subir, o que pode induzir o produtor nacional a negligenciar esse momento delicado pelo qual passa o segmento. Por isso, o momento para se fazer algo é agora. É evidente que é urgente regulamentar o setor, seja pela via da legislação de emissões, pela exigência da certificação da qualidade, que restringirá equipamentos inseguros e ruidosos, ou pela via da taxação diferenciada ao produto 'alienígena'.
Ninguém é contra a competição. O empresário nacional tem o direito de comprar o melhor produto que seu dinheiro puder adquirir. Mas um pouco de regra, assim como caldo de galinha, não faz mal a ninguém. Seria a contrapartida das autoridades a esse segmento que ajudou a construir o Brasil que temos.
*Vicente Pimenta é vice-diretor do
Comitê de Máquinas Agrícolas e Construção do Congresso SAE BRASIL 2010
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Mais informações à imprensa:
Maria do Socorro Diogo - msdiogo@companhiadeimprensa.com.br
Estefânia Basso – estefania@companhiadeimprensa.com.br
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Perfil da empresa |
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A SAE BRASIL é uma associação sem fins lucrativos que congrega engenheiros, técnicos e executivos unidos pela missão comum de disseminar técnicas e conhecimentos relativos à tecnologia da mobilidade em suas variadas formas: terrestre, marítima e aeroespacial.
A SAE BRASIL foi fundada em 1991 por executivos dos segmentos automotivo e aeroespacial, conscientes da necessidade de se abrir as fronteiras do conhecimento para os profissionais brasileiros da mobilidade, em face da integração do País ao processo de globalização da economia, ora em seu início, naquele período. Desde então a SAE BRASIL tem experimentado extraordinário crescimento, totalizando mais de 6 mil associados e 10 seções regionais distribuídas desde o Nordeste até o extremo Sul do Brasil, constituindo-se hoje na mais importante sociedade de engenharia da mobilidade do País.
A SAE BRASIL é filiada à SAE INTERNATIONAL, associação com os mesmos fins e objetivos, fundada em 1905, nos EUA, por líderes de grande visão da indústria automotiva e da então nascente indústria aeronáutica, dentre os quais se destacam Henry Ford, Orville Wright e Thomas Edison, e tem se constituído, ao longo de mais de um século de existência, em uma das principais fontes de normas, padrões e conhecimento relativos aos setores automotivo e aeroespacial em todo o mundo, com mais de 35 mil normas geradas e mais de 138 mil sócios distribuídos por cerca de 100 países. |
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