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 Release
18/12/2009
Liberdade de escolha

Por Besaliel Botelho*

De 30 anos para cá, muita coisa evoluiu no Brasil. O País saiu de um regime ditatorial para entrar na democracia, conquistou a liberdade de imprensa, promoveu abertura às importações, com grandes benefícios para indústria brasileira, entre outros. Apesar disso, outras questões emperraram neste período, como é o caso de leis que cessam o desenvolvimento tecnológico, como a proibição da comercialização de veículos leves a diesel no mercado nacional. Em época de plena corrida tecnológica ao redor do mundo, é impensável que ainda tenhamos legislações assim.

O Brasil é o único país no mundo onde o automóvel movido a diesel é proibido. É certo que na época da proibição havia fatores que justificavam a não utilização do combustível em veículos de passeio, já que a medida foi tomada durante a crise do petróleo, quando o Brasil tentava diminuir a importação do produto e seus derivados e investia no projeto Pró-álcool. Porém, hoje os argumentos da época não se aplicam mais.

Nos últimos anos, a indústria automobilística evoluiu muito e desenvolveu tecnologias que hoje são exemplos mundiais, como o sistema flex, que contribuiu para a redução da emissão de CO2. Mais do que isso, hoje o País ocupa a quinta colocação entre os maiores mercados mundiais e a sexta colocação entre os maiores produtores. Mas para a inclusão do País no contexto tecnológico mundial atual, e para crescer mais na área, precisamos ter livre arbítrio no desenvolvimento tecnológico, a liberdade de tecnologia que o mundo tem.

Ok, leis que proíbem o desenvolvimento tecnológico são inimagináveis em um País que está na corrida tecnológica e que tem uma engenharia criativa e inovadora. Mas você, caro leitor, deve se perguntar até que ponto a liberação do automóvel a diesel é importante para o País? Não poderíamos investir e focar mais no nosso know-how, que é o sistema flex, ou em outras motorizações inovadoras, como sistemas elétricos, para ganhar o mundo? Vamos por partes.

É importante desmistificar o diesel no País. O brasileiro ainda tem aquela ideia de que o motor a diesel é barulhento, fedorento, poluente e emite muita fumaça - e isso já caiu por terra. Até a década passada, mesmo a maioria dos motores diesel novos dos automóveis emitia fumaça em algumas condições de operação, pois não havia possibilidade de combustão completa e os motores eram naturalmente aspirados. Mas os motores fabricados hoje não produzem fumaça visível, já que são turboalimentados e possuem refrigeração do ar de admissão. Além disso, os sistemas de injeção eletrônica de altíssima pressão, e demais melhorias introduzidas tanto nos motores como nos combustíveis, garantem a eliminação da indesejável fumaça preta e dos compostos regulamentados como CO, NOx, HC e material particulado.

Ainda, por serem mais eficientes, estes motores consomem menos combustível, emitindo, consequentemente, menos CO2, um dos vilões do efeito estufa. As vantagens também se estendem no âmbito do conforto e desempenho. O desenvolvimento de motores diesel leves atingiu grande nível tecnológico que, pelo alto desempenho e pelo prazer na dirigibilidade, competem com os do ciclo Otto. Isso sem falar nos benefícios de rodar mais quilômetros com menos litros.

Mas, há também outros pontos que devem ser analisados, como o problema da qualidade do diesel no País. Nas regiões metropolitanas a concentração de enxofre no combustível é de 500 ppm (partes por milhão) e em algumas capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, há diesel com 50 ppm. Porém, em algumas cidades brasileiras o combustível chega a ter 1.800 ppm de enxofre. Para se ter uma ideia, esse valor na Europa é de 10 ppm. Por outro lado, até 1º de janeiro de 2012 a Petrobras terá de substituir todo o diesel metropolitano por diesel com 50 ppm e no resto do País para 500 ppm. A próxima etapa, em 2013, será passar para 10 ppm.

Mas a questão é que a indústria também precisa do diesel com menor teor de enxofre, já que as novas tecnologias não aceitam o combustível mais poluente porque ele contamina algumas peças. Por isso mesmo, apesar de termos ficado 30 anos sem o combustível, essa liberação não pode vir de uma hora para outra porque sem a melhora da qualidade do diesel, haverá impacto nos veículos em termos de durabilidade e de auto-suficiência.

Voltando às suas questões, leitor, não termos veículos a diesel no Brasil significa deixar de ganhar. Sim, porque apesar de produzirmos automóveis a diesel para exportação, esses veículos recebem, em sua maioria, motores importados, o que não contribui para a arrecadação tributária e nem para o desenvolvimento tecnológico do País. Mas como quem rege a economia é o mercado e não leis proibitivas, quem dirá se o carro a diesel - ou o elétrico, ou as células a hidrogênio - é bom para o Brasil serão os consumidores. Por isso, dê a eles liberdade de escolha.

Besaliel Botelho é presidente da SAE BRASIL




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