Vinte aviões rádiocontrolados, projetados por universitários do Interior de São Paulo estão quase prontos para a XI Competição SAE BRASIL AeroDesign. As aeronaves representam 11 instituições de ensino de São Carlos, Campinas, Ilha Solteira, Guaratinguetá, Bauru, Taubaté, Salto, Sorocaba e de São José dos Campos, município onde será realizada a competição, de 22 a 25 de outubro, no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). Ao todo, 91 equipes, de 16 Estados, além do Distrito Federal, Venezuela, México e Índia, inscreveram-se na competição. Em 2008, foram 77 equipes inscritas.
Uma novidade serão os aviões da Classe Micro. Com dimensões reduzidas, os projetos da categoria pesam cerca de 500 gramas e são transportados dentro de uma caixa de até 0,125m³, o que equivale a 50x50x50 cm. Sete aviões são da nova categoria e três deles do interior paulista, projetados pelas equipes No Limite, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); FEB Micro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp Bauru); e EESC USP Mike, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP).
A equipe EESC USP Mike faz testes no pequeno avião, um monoplano com motor elétrico e asas, profundor e o leme nervurados. Madeira balsa, fibra de carbono e Kevlar laminados com resina são alguns dos materiais usados na estrutura do projeto, que tem superfícies aerodinâmicas recobertas por plástico mais leve e resistente. “O avião é extremamente leve, mas capaz de transportar várias vezes o seu próprio peso”, avisa Sheela Khusal, capitã da equipe.
A EESC-USP, única instituição brasileira a levantar por três vezes o troféu de campeã (2005, 2006 e 2008) e internacional (2006, 2007 e 2009), será representada por mais três equipes (duas Classe Regular e uma Classe Aberta), num total de 44 estudantes inscritos.
Inovação - A equipe Urubus, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 10 integrantes, projetou um monoplano da Classe Regular, que pesa 3,2 kg, tem capacidade para transportar 12 kg de carga e velocidade de até 70 km/h. Entre as inovações está o split flap, sistema utilizado para aumentar a sustentação do avião na decolagem e garantir maior carga durante a Competição de Vôo. “Inovamos ainda com prototipagem rápida na montagem da fuselagem e recurso de desmontagem em vários pontos da aeronave”, conta o capitão Daniel Reimer, que espera ficar entre as 10 melhores equipes na competição.
O Interior de São Paulo será representado também por equipes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus Salto, ITA, Universidade de Taubaté (Unitau), Universidade Paulista (Unip), campus São José dos campos, e Unesp campi Bauru, Guaratinguetá e Ilha Solteira.
Para participar da SAE BRASIL AeroDesign 2009 as equipes, compostas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia Física e Ciências Aeronáuticas, foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados em qualquer categoria, e depois submeterem os projetos a avaliações quanto à concepção e desempenho, feitas por engenheiros do setor aeronáutico. A competição possui duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Vôo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br
Ao final da competição, as duas equipes da Classe Regular e a primeira da Classe Aberta e da Classe Micro que obtiverem a melhor pontuação ganharão o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2010, nos Estados Unidos, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações, incluindo quatro primeiros lugares, na Classe Regular e Classe Aberta. A East Competition é realizada pela SAE International, instituição que deu origem a SAE BRASIL e da qual esta é afiliada.
Regulamento - Os aviões da competição são classificados em três categorias: Classe Aberta, Classe Regular e Classe Micro. Na primeira, não existem restrições geométricas às aeronaves ou ao número de motores instalados, desde que a soma das cilindradas dos motores esteja entre 15,08 cc (ou 0,91 in3) e 19,9cc (1,22in3). Esta categoria inclui pós-graduandos e restringe distância máxima de decolagem: 61m. Já na Classe Regular, os aviões são monomotores, com cilindrada padronizada em 10 cc (10 cm3 ou 0,61 in3). O regulamento impõe restrições geométricas que delimitam as dimensões máximas das aeronaves, que devem ser capazes de decolar em uma distância máxima delimitada, de 30,5m ou 61m conforme estratégia da equipe. A Classe Micro não impõe restrições geométricas aos projetos nem ao número de motores, porém a equipe deve ser capaz de transportar a aeronave dentro de uma caixa de 0,125m³. Nesta classe, as aeronaves podem usar motores elétricos e devem decolar em até 30,5m.
Besaliel Botelho, presidente da SAE BRASIL, ressalta que a Competição SAE BRASIL AeroDesign coloca os estudantes de engenharia em contato com o exercício real da profissão. “A competição põe à prova as habilidades do futuro engenheiro, ao promover situações vivenciadas pelos profissionais que já atuam na área”, afirma. Botelho acrescenta que a competição é uma oportunidade para o estudante desenvolver a comunicação interpessoal. “Ter habilidade na comunicação é extremamente importante para o desenvolvimento da engenharia e este quesito entra nas avaliações da competição”, afirma Botelho.
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