São Paulo, 27 de março de 2009 – Nesta semana, 35 estudantes de engenharia de duas universidades de São Paulo e uma de Minas Gerais viajam para os Estados Unidos, onde representarão o Brasil na SAE Aerodesign East Competition. A competição, realizada pela SAE International, reunirá de 3 a 5 de abril, no Cobb County Radio Control Modeler's Club, em Marietta, Geórgia, 65 equipes de Aerodesign da Europa e Américas. Para participar da competição, as equipes projetaram e construíram aviões, em escala reduzida e radio-controlados, capazes de transportar o máximo de carga útil dentro das restrições impostas pelo regulamento da SAE.
Equipes brasileiras já venceram por três vezes a competição nas Classes Regular e Aberta. A Classe Regular é caracterizada por aviões monomotores e com cilindrada padronizada em 10 cc (10 cm3 ou 0,61in3), enquanto a Classe Aberta não impõe restrições geométricas às aeronaves ou ao número de motores instalados, desde que a soma das cilindradas dos motores não ultrapasse 14,9 cc (ou 0,91 in3).
Este ano, o Brasil será representado pelas equipes Uai-Sô-Flay, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Keep Flying, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP); e EESC USP Charlie, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP. Na Geórgia, as equipes farão apresentações de projetos e os aviões sucessivas baterias de testes. As três equipes ganharam o direito de participar da competição após conquistarem as melhores colocações na X Competição SAE BRASIL AeroDesign, ano passado, em São José dos Campos, SP.
Os estudantes estão otimistas. Campeã brasileira pela Classe Regular, com 14 integrantes, a equipe Uai-Sô-Flay adaptou o projeto de acordo com as regras da competição, como a substituição da fibra de carbono e vidro por madeira. A equipe ainda excluiu o flap e retirou uma das empenagens (superfícies de cauda) do avião, que pesa 2,3 kg e foi projetado para transportar 10 kg de carga útil. “Conhecemos os limites do projeto, temos experiência e isso conta muito”, diz a capitã Mariana Bebiano, estudante de Engenharia Mecânica da UFMG.
Também da Classe Regular, a equipe Keep Flying, vice-campeã da competição brasileira, projetou um avião leve (3 kg), com madeira e alumínio aeronáutico. “Nosso avião é muito competitivo, foi projetado para transportar 12 kg de carga útil”, comenta Rodrigo Trevisan Okamoto, aluno de Engenharia Mecatrônica da Poli USP e capitão da equipe, que conta com mais 14 estudantes.
Classe Aberta - A equipe EESC USP Charlie será a representante do Brasil pela Classe Aberta. Campeã em São José dos Campos na categoria, a equipe também fez alterações no projeto, como a utilização de rodas maiores para diminuir o atrito da aeronave com o chão e evitar quedas em terrenos com buracos. O avião tem dois motores com sistema de engrenagem, que diminui a rotação e aumenta o torque, e é capaz de rodar uma hélice de maior diâmetro, o que melhora o desempenho do motor. O avião tem 4m de envergadura, pesa 6,5 kg e foi projetado para carregar 18,5 kg de carga útil. “Realizamos vários testes e o nosso avião está muito bom”, adianta o capitão Luís Francisco Gomes da Costa, aluno de Engenharia Mecânica. Seis integrantes da equipe participam da SAE Aerodesign East Competition.
Nos Estados Unidos, onde a competição ocorre desde 1986, equipes mineiras e paulistas possuem histórico brilhante de participações. Em 2006, a equipe ALE, da UFMG, e a equipe Tucano, da Universidade Federal de Uberlândia, foram, respectivamente, campeã e vice-campeã. No lado paulista, a equipe EESC USP se sagrou campeã da competição em 2002, pela Classe Regular, com a equipe Hércules/Abaquaraçu; e em 2006 e 2007, venceu pela Classe Aberta, com a equipe EESC USP OPEN.
Onze anos - No Brasil, o Projeto AeroDesign é uma iniciativa da Seção São José dos Campos da SAE BRASIL, com início em 1999, e que este ano realizará a sua 11ª edição, em outubro. A competição atrai estudantes de graduação e pós-graduação, das áreas de Engenharia, Física e Ciências Aeronáuticas, interessados em desenvolver projetos de aeronaves em escala reduzida, de acordo com o Regulamento da Competição, capazes de superar sucessivas baterias de testes demonstrando capacidade de vôo controlado para cargas úteis crescentes (barras de chumbo), até as condições limite do projeto.
Besaliel Botelho, presidente da SAE BRASIL, ressalta que a Competição SAE BRASIL AeroDesign propicia o contato de estudantes de engenharia com o exercício real da profissão. “A competição põe à prova as habilidades dos futuros engenheiros, ao promover situações vivenciadas pelos profissionais que já atuam na área”, afirma. Botelho ressalta que a competição também é uma oportunidade para o desenvolvimento da comunicação interpessoal. “Ter habilidade na comunicação é hoje extremamente importante para o desenvolvimento da engenharia e este quesito entra nas avaliações da competição”, afirma Botelho.
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