Onze carros off-road construídos por estudantes de engenharia do Rio de Janeiro e Espírito Santo disputam neste fim de semana a tradicional Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo, em Piracicaba, SP. Na 15ª edição, a competição reunirá 73 equipes, de 15 estados, além do Distrito Federal e EUA. O Rio de Janeiro terá recorde de participação em número de equipes (nove), depois de São Paulo (15). Já o Espírito Santo terá duas equipes, uma delas comandada pelas duas únicas mulheres capitãs na competição, que será de 19 a 22 de março.
As nove equipes cariocas (sete em 2008) são formadas por alunos da Associação Educacional D. Bosco (ex-Faculdade de Engenharia de Resende), Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com duas equipes cada; além do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Faculdades Católicas (PUC Rio), com uma equipe cada. O estado capixaba será representado por alunos da Universidade Federal do Espírito Santo.
Para participar da competição, as equipes projetaram, buscaram patrocínio e construíram veículos off-road, conhecidos como Baja SAE, para serem submetidos, em Piracicaba, a avaliação de projeto, testes de tração, aceleração, velocidade máxima e um enduro de quatro horas, em pista de terra cheia de obstáculos, na qual carros e pilotos são desafiados no aspecto resistência. As avaliações são feitas por especialistas da indústria da mobilidade.
Ao final da competição, as duas equipes que conquistarem as maiores pontuações, na soma geral das provas, poderão representar o Brasil na Baja SAE Wisconsin, realizada pela SAE International, há 40 anos, e que ocorrerá de 16 a 19 de junho, em Milwaukee, EUA. A competição internacional reúne mais de 100 equipes de diferentes países. Em 2008, no Canadá, o Brasil conquistou o tetracampeonato.
Equipes cariocas - Participante na competição há 11 anos e com a 23ª colocação em 2008, a equipe Tuffão, da UFF, conta que as novidades do carro são a redução do peso e a fixação da suspensão dianteira, em duplo A, e a traseira que ganhou um sistema de quadro elástico, garantindo maior estabilidade. O carro perdeu 80 kg e agora pesa 150 kg e atinge 50 km/h, com a substituição de peças em aço por materiais mais leves, como nylon e alumínio, e ainda a diminuição da espessura dos tubos da estrutura. “A nossa expectativa é ficar entre as 13 primeiras colocadas, fazer história e isso facilitar a busca de patrocínio”, comenta Maurício Teti Filho, capitão da equipe Tuffão, composta por 17 alunos.
Na UERJ, a equipe Poli UERJ substituiu a fibra de vidro usada na carenagem por PVC, por considerar material de fácil manipulação, leve e mais resistente. Além disso, investiu em novos sistemas de suspensão e na integridade estrutural, com uso de tubulação da estrutura com melhores propriedades e na modelagem computacional. O carro pesa 170 kg, tem câmbio CVT, suspensão independente nas quatro rodas, direção sistema pinhão cremalheira, telemetria, sistema de freios hidráulico independentes na dianteira e capacidade para atingir 55 km/h. “Com o PVC, modificamos até o método de trabalho do grupo, que utilizou ferramentas pneumáticas as quais agilizam o trabalho”, afirma o capitão da equipe Rodrigo Rodrigues, que modificou também o sistema de freios para ajudar o baja a retomar a velocidade, durante frenagens, e não atolar.
Capitãs – A competição terá apenas duas mulheres no comando das 73 equipes: Arielly Pereira, da Universidade Federal do Pará, e Ida Paula de Oliveira, da equipe Vitória Baja II, da Universidade Federal do Espírito Santo. Com mais 10 integrantes, todos eles homens, a equipe capixaba ficou em 14º lugar em 2008. A capitã Ida afirma que a expectativa é boa, porque as inovações feitas no projeto foram importantes. O carro ganhou novo sistema de transmissão, um CVT em série com caixa de transmissão automática, para proporcionar maior força e resposta do veículo em diferentes terrenos. Além disso, a equipe trabalhou com polímeros e ligas de aço de baixa densidade para garantir a leveza ao carro, que pesa 180 kg e utiliza suspensão dianteira duplo A e traseira em eixo rígido, e pode atingir até 50 km/h. “Estas melhorias aumentam nossas chances de melhor resultado”, diz.
Besaliel Botelho, presidente da SAE BRASIL, conta que o Projeto Baja SAE é um dos programas de maior sucesso organizados pela associação na capacitação dos futuros engenheiros, no qual estudantes são envolvidos em caso real de desenvolvimento de um veículo em todas as ações correlatas. "Além de praticarem os conceitos teóricos adquiridos em sala de aula, eles são submetidos às experiências da vida real, como trabalho em equipe, atendimento de prazos, busca de suporte financeiro para o projeto e atividades diversas, muitas delas em áreas não exploradas nos cursos regulares, mas que incentivam a criatividade e o surgimento de lideranças", diz. Segundo Botelho, muitas empresas têm priorizado a contratação de ex-participantes do Projeto por terem a certeza de que eles estão bem preparados. "Isso comprova a importância da competição, um dos orgulhos da SAE BRASIL", completa. |
