Falta pouco para a tradicional Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS, que será realizada de 19 a 22 de março no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), em Piracicaba, SP, e uma das novidades será a estreia de duas equipes de estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Piauí e da Paraíba. O Nordeste conta com 11 equipes inscritas, de seis Estados, e a terceira maior representação depois do Sudeste e Sul. Ao todo, a competição de engenharia reunirá 73 equipes, de 57 instituições, de 14 Estados, além do Distrito Federal e Estados Unidos.
Pernambuco será representado por quatro equipes e o Ceará e a Paraíba duas cada. Já o Piauí, Rio Grande do Norte e a Bahia possuem uma equipe por Estado. Para disputar a competição, os cerca de 1,1 mil estudantes inscritos projetaram e construíram carros off-road (SAE Baja), exclusivamente para serem submetidos a testes de tração, aceleração, velocidade máxima e um enduro de resistência de quatro horas, em pista de barro cheia de obstáculos. Antes das provas dinâmicas, as equipes apresentarão os projetos para uma banca de juízes, especialistas da indústria.
Ao final da competição, as duas equipes que conquistarem as maiores pontuações poderão representar o Brasil na Baja SAE Wisconsin, que será realizada pela SAE International, de 16 a 19 de junho, em Milwaukee, Wisconsin, nos Estados Unidos. Na competição internacional, que reúne mais de 100 equipes de diferentes países e é organizada há 40 anos, o Brasil é tetracampeão. O primeiro título foi conquistado em 1998, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Além da dedicação, é preciso criatividade para ter um carro competitivo. No Cefet do Piauí, desafio é o que não falta para a equipe Bajuína. Sem patrocínio, os 12 estudantes do 3º ciclo do curso de Engenharia Mecânica trabalham com verba da rifa de duas bicicletas doadas à equipe. Com isso, a equação foi projetar um carro de custo reduzido, confiável e leve. Peças prontas com preço mais baixo e aplicação de apenas um amortecedor traseiro de 250 mm foram algumas das soluções empregadas para garantir a participação. “Queremos chegar com o carro pronto em Piracicaba e depois, quem sabe, disputar o enduro”, diz Ricardo Soares, o capitão da equipe.
A equipe UFPBaja, da Universidade Federal da Paraíba, tem histórico de inovação. Este ano, a aposta é um novo conceito de sistema de suspensão traseira, que aproveita ao mesmo tempo as vantagens de suspensão independente e de eixo rígido, onde transmissão e freios são desvinculados da suspensão. “Esta aplicação oferece melhor dirigibilidade e desempenho ao veículo, e é inédita na competição”, afirma o capitão Paulo de Araújo. A Paraíba será representada, ainda, pela equipe Bajampa, do Cefet, também estreante.
Inovação tecnológica - Sempre entre as 10 primeiras colocadas na competição, a equipe Mangue Baja 2, da Universidade Federal de Pernambuco, aplicou materiais leves, como fibra de carbono, alumínio e nylon, e com isso conseguiu diminuir 4 kg no peso do carro, agora com 167kg. Sistema de telemetria, para acompanhar em tempo real a temperatura, velocidade, rotação do motor e o nível de combustível, foi outra inovação da equipe. “Temos dois projetos muito competitivos”, garante Carlos André Moreira Albuquerque Melo, capitão da equipe, ao se referir também ao carro de outra equipe da universidade.
Em Piracicaba, o Nordeste será representado, também, pelas equipes Carpoeira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Siará, da Universidade Federal do Ceará (UFC); Mangabaju Racing, da Universidade de Fortaleza (Unifor); e pela equipe Car-Kará, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Já começamos os testes no carro”, avisa Moisés Neto, capitão da equipe Siará. O estudante destaca a integridade estrutural, direção projetada com a suspensão e um sistema de transmissão que permite maior faixa de velocidades como os pontos fortes do carro.
Besaliel Botelho, presidente da SAE BRASIL, conta que o Projeto Baja SAE é um dos programas de maior sucesso da entidade na capacitação dos futuros engenheiros, no qual estudantes são envolvidos em caso real de desenvolvimento de um veículo em todas as ações correlatas. "Além de praticarem os conceitos teóricos adquiridos em sala de aula, eles são submetidos a experiências da vida real, como trabalho em equipe, atendimento de prazos, busca de suporte financeiro para o projeto e atividades diversas, muitas delas em áreas não exploradas nos cursos regulares, mas que incentivam a criatividade e o surgimento de lideranças", diz. Segundo Botelho, muitas empresas têm priorizado a contratação de ex-participantes do Projeto por terem a certeza de que eles estão bem preparados. "Isso comprova a importância da competição, um dos orgulhos da SAE BRASIL", completa.
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