Fé, cultura popular e arte se misturam este mês no especial de dança ‘Devotos de Corpo e Alma’, que o SESC Santana agendou com diferentes grupos de dança do interior de São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais. As apresentações acontecem entre os dias 24 e 28 e mostram a dança como uma das mais ricas expressões culturais e civilizadas, que atualmente se incorporam aos campos investigativo e reflexivo. São elas: Afoxé, Conceição, Beneditas, Calunga, Dança de São Gonçalo, Congada, Esquiz, Andanças do Divino e Moçambique.
Os preços dos ingressos variam de R$ 2 a R$ 8 para os espetáculos Conceição, Calunga, Esquiz e Andanças do Divino. Já o Afoxé, Beneditas, Dança de São Gonçalo, Congada e Moçambique têm entrada gratuita. As apresentações acontecem na Área de Convivência 2 e no Teatro, e a classificação é variada.
Na quarta-feira (24), às 19h, o projeto abre com o espetáculo Afoxé, e reapresentação no domingo (28), às 17h. Exibido como cortejo de rua, o espetáculo é embasado nos cultos religiosos do candomblé, apresentado no Carnaval e conhecido como “candomblé de rua”. Os componentes desfilam e dançam com roupas brancas ou características do culto religioso, ao som de cantos em língua Ioruba, idioma africano, e instrumentos diversos de percussão, como ilus, mais conhecido com atabaque, agogôs, xequerês, entre outros. Com o Afoxé Filhos da Coroa de Dadá – SP.
Após a apresentação de Afoxé haverá bate-papo com o professor Alberto Ikeda, assistente-doutor de Etnomusicologia, Cultura Popular e Seminários de Pesquisa em Música, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Ikeda tem vasta experiência nas artes e atua, principalmente, com temas da MPB e música popular tradicional, como o folclore e etnomúsica; além do samba, carnaval, folguedos e danças populares.
O projeto ‘Devotos de Corpo e Alma’ nasceu a partir de uma inspiração histórica e filosófica, e pretende abordar o conceito de Fé utilizado nas coreografias contemporâneas, partindo das representações discursivas e simbólicas que surgem nos meios populares de várias partes do mundo.
PROGRAMAÇÃO:
Quarta-feira (24), às 19h – Afoxé
Quarta-feira (24), às 21h – Conceição
Quinta-feira (25), às 19h – Dança de São Gonçalo
Quinta-feira (25), às 21h – Beneditas
Quinta-feira (25), às 21h40 – Calunga
Sexta-feira (26), às 19h – Congada
Sexta-feira (26), às 21h - Esquiz
Sábado (27), às 21h – Andanças do Divino
Sábado (27), às 16h30 – Moçambique
Domingo (28), às 17h - Afoxé
Domingo (28), às 19h30 - Andanças do Divino
OS OUTROS ESPETÁCULOS
Conceição - resultado de uma pesquisa realizada na festa do Morro da Conceição em Recife, o espetáculo investiga a intersecção entre o sonoro, gestual, sentimentos e os simbolismos de fé. Com o Grupo Experimental de Pernambuco. Direção, concepção e coreografia são de Mônica Lira. Recomendado para maiores de 14 anos. Preço: R$ 8 (inteira); R$ 4 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 2 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). No Teatro.
Dança de São Gonçalo - Dança de São Gonçalo é manifestação devocional, coreográfico-musical, realizada em louvor ao santo nascido em Portugal (c. 1187-1259). Com cantoria e dança, ao som de violas, realiza-se com sapateado e palmeado, em duas fileiras. Os dançadores fazem várias evoluções, tendo sempre à frente mestres violeiros, conhecidos como folgazão. A celebração no geral se realiza nos quintais das casas, para abrigar maior número de participantes. Padroeiro dos violeiros e ‘casamenteiro das velhas’ no Brasil, São Gonçalo é considerado grande milagreiro e está entre os santos de maior devoção popular. Com o Grupo Dança de São Gonçalo, de Santa Isabel. Após a apresentação será feito um bate-papo sobre o trabalho, com o professor Alberto Ikeda. Classificação livre. Na Área de Convivência 2 .
Beneditas - O espetáculo solo da bailarina Diane Ichimauru é uma visitação às imagens e crenças que habitam o cotidiano e o imaginário popular brasileiro. A personagem percorre sacristias e adros de igrejas, serpenteia por procissões, capelas e terreiros, pisando os solos sagrados e encantados dos nossos interiores. Com a Confraria da Dança. Criação de Diane Ichimauru e Grácia Navaro. Recomendado para maiores de 14 anos. No Teatro.
Calunga - No espetáculo solo, a boneca sagrada dos maracatus, carregada pela dama do passo, sua condutora e guardiã, é reverenciada e respeitada como símbolo de comunicação entre homens e deuses, numa encenação da ancestralidade dos rituais de baque virado ou em meios dos carnavais do baque solto. Uma espécie de chave para abertura dos portais dos mortos, dos espíritos antecessores. Uma guia dos cortejos. Com a Companhia Duas de Criação. Concepção e criação são de Viviane Madureira. Recomendado para maiores de 14 anos. Preço: R$ 8 (inteira); R$ 4 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 2 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). No Teatro.
Congada - Congada, Congado ou Congo é um folguedo dramático ou dança-cortejo integrado na grande maioria por pessoas de comunidades afro-descendentes, em devoção principalmente a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia. As apresentações acontecem ao som de cantorias e instrumentos diversos, de percussão variada, viola caipira, violão, cavaquinho e acordeão, principalmente. As congadas ocorrem em diversas localidades do Brasil, com variantes nas roupas, instrumentos, cantos e outros aspectos. Com o Grupo Congada de Santa Ifigênia, de Mogi das Cruzes. Após a apresentação haverá bate-papo sobre o trabalho, com o professor Alberto Ikeda. Área de Convivência 2. Classificação livre.
Esquiz - Espetáculo cênico musical inspirado nas manifestações de fé dentro dos festejos religiosos afro-mineiros, mas especificamente no sincretismo apresentado nos festejos dedicados à Nossa Senhora do Rosário, nas danças, cantos, saudações e conflitos míticos. Com a Companhia SeráQue? – MG. Concepção geral e direção coreográfica são de Rui Moreira. Recomendado para maiores de 14 anos. Preço: R$ 8 (inteira); R$ 4 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 2 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). No Teatro.
Andanças do Divino – o espetáculo comemora os 30 anos de existência do Balé Popular do Recife. Mais recente espetáculo do grupo apresenta trechos da saga de Jesus Cristo, altos e folguedos populares do Nordeste brasileiro. Direção artística é de André Madureira. Recomendado para maiores de 14 anos. No Teatro.
Preço: R$ 8 (inteira); R$ 4 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 2 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).
Moçambique - é uma dança-cortejo com participação predominante de afro-descendentes, que se caracteriza pelo uso de bastões, como elemento coreográfico e rítmico, e por correias de guizos (paiás) presas abaixo dos joelhos, que também servem como elementos rítmicos. Ocorre em diversas cidades do vale do Paraíba e algumas do sul de Minas Gerais. Os participantes dançam e cantam, abordando assuntos religiosos ou livres, acompanhados por diversos instrumentos musicais, como a caixa (tambor pequeno), a viola, a sanfona, o violão e o cavaquinho, entre os mais comuns. Junto aos tocadores (músicos), costumam ficar o “rei” e a “rainha” do Moçambique, que podem conduzir a “bandeira” ou estandarte do grupo, sempre trazendo as figuras de São Benedito e/ou Nossa Senhora do Rosário, dos quais os participantes são devotos. Com o Grupo Moçambique do Belém, de Taubaté. Após a apresentação haverá bate-papo sobre o trabalho, com o professor Alberto Ikeda. Área de Convivência 2. Classificação livre.
LANÇAMENTO DE LIVRO
Como parte do especial ‘Devotos de Corpo e Alma’, será lançado, no foyer do teatro do SESC Santana, sábado, dia 27, às 20h, o livro ‘A Escrita de Uma Dança’, com autoria de Christianne Galdino. O livro, que comemora os 30 anos do Balé Popular do Recife, traz fragmentos desta trajetória permeada das emoções de quem as gerou. Se a dança sempre foi a ação principal, no livro ela se mantém, mas em forma de palavras. Christianne é pesquisadora de dança, jornalista recifense, com pós-graduação em Jornalismo Cultural pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e mestranda do Programa em Extensão Rural e Desenvolvimento Local (POSMEX), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
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