A engenharia automotiva brasileira deixou de ser regional. Globalizou projetos com engenharias de outros países, do conceito do produto até a chegada ao mercado. Hoje, as montadoras, sistemistas e outros elos da cadeia usam em escala crescente a engenharia global. Esse intercâmbio de desenvolvimento na indústria da mobilidade é uma realidade. Mas como o 'supply chain' e a Tecnologia da Informação se inserem nesse contexto?
A importância da logística é clara no processo global em que os requisitos de transporte, armazenamento e distribuição enfrentam o desafio de respeitar as diferenças culturais, as legislações, entre outros, e deve garantir eficiência na comunicação, transferência de dados e rastreamento.
No entanto, com a globalização da produção, o processo logístico foi, sem dúvida, o mais afetado, tanto no processo de logística para a fabricação do produto como na distribuição para vendas e pós-vendas. Na área da mobilidade, muitas modelagens de processos foram implementadas durante os últimos anos para atender esta nova necessidade, com investimentos polpudos na reformulação dos processos logísticos para que se formasse o 'supply chain' ideal para cada produto.
Entre os processos aperfeiçoados, há alguns de grande importância para a área, como criação de centros de consolidação nacionais e internacionais; parques industriais ou fornecedores junto à cadeia produtiva; expansão de EADI (Estação Aduaneira Interior) por todo o País; aprimoramento nos processos de abastecimentos, como o ,'just in time' ,'just in sequence', 'kanban', milk run', entre outros; produção descentralizada das partes do produto (plantas diferentes); e a montagem final em uma única planta de acordo com a estratégia do negócio.
Isso sem contar a centralização dos sistemas de planejamento de vendas, compras e do MRP de todas as plantas envolvidas com a produção do produto, além do aperfeiçoamento e automatização dos principais 'warehouses' envolvidos no modelo de negócio. Toda esta transformação vem ocorrendo e se aperfeiçoando na indústria nos últimos 10 anos.
Enfim, poderia me deter na explanação de cada processo e alternativa adotada, porém quero ressaltar que muitos destes trabalhos foram desenvolvidos com ajuda de consultorias e, uma vez modelado o processo logístico, viu-se que a sua operacionalização dependia de ferramentas fornecidas pela TI. Com seus recursos de conectividade, interatividade e desenvolvimento de softwares, a TI fez com que caíssem as barreiras impostas à informação, possibilitando que distâncias deixassem de existir, com links poderosos que integram plantas em qualquer local do mundo e em tempo real.
A integração fornecedor - fabricante - cliente em toda cadeia automotiva se tornou transparente e confiável com esses recursos, permitindo ao fabricante um tempo de reação muito eficaz para o atendimento da demanda Antes, os dados não eram compartilhados e a informação demorava muito mais para chegar aos fornecedores. Hoje, as informações chegam em tempo real para todos os envolvidos no processo produtivo dentro e fora da empresa.
Além disso, a interatividade dos parceiros logísticos, por meio da transferência de informações principalmente via WEB, vem permitindo que barreiras alfandegárias sejam transpostas com maior rapidez. Todas as montadoras que construíram nova fábrica no País, nos últimos 10 anos, adotaram este modelo ou o aperfeiçoaram nas plantas.
Diante disso, é importante que as empresas considerem a TI se pretendem viabilizar um 'supply chain management' eficaz, nunca deixando de ponderar no modelo de negócio o melhor processo para realizá-lo. Um fórum no dia 8 de outubro, durante o Congresso SAE BRASIL 2008, com representantes de montadoras e especialistas, irá debater mais essa contribuição da TI na cadeia produtiva e no atendimento ao cliente.
*Cláudio Ricco Manoel integra o Comitê de TI do Congresso SAE BRASIL
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