Uma fábrica altamente produtiva, flexível, dotada de tecnologias modernas e programas de logística eficientes, com custos enxutos e padrões de qualidade internacionais. Este é o modelo que a indústria automotiva brasileira busca hoje para atender a demanda crescente do mercado interno e ganhar competitividade diante de concorrentes globais, segundo dirigentes de montadoras e sistemistas reunidos nesta segunda-feira (23), em São Paulo, durante o Simpósio SAE BRASIL de Manufatura Automotiva, que contou com a presença de 215 profissionais do setor da mobilidade.
Klaus Müller, gerente de Vendas da Dassault Systems, ressaltou que a competitividade está atrelada à velocidade com que os novos produtos chegam para atender à demanda. Para Müller, o investimento em tecnologias como softwares 3D, realidade virtual e manufatura digital acelera processos de produção e traz ganhos expressivos para as empresas: "A virtualização diminui o tempo para levar o produto ao mercado, testa modelos a baixo custo, permite visualizar ambientes complexos e diminui a chance de erros ocorrerem", disse. Müller entende que o próximo passo é promover a integração da engenharia com a manufatura em colaboração global.
Marco Antônio Teixeira, diretor de Manufatura da Volkswagen, revelou os passos atuais que estão levando à atualização tecnológica da fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP. “Ferramentas em 3D permitem à montadora enxugar custos antes mesmo de o produto entrar na linha de produção”, disse ao destacar a aplicação da realidade virtual em processos como montagem e desmontagem de portas, estamparia e simulação de fluxos de produção.
"A ferramenta digital traz benefícios inequívocos. Conseguimos fazer análises com respostas, verificações e correções imediatas. Gastamos mais tempo em planejamento e simulações, mas reduzimos custos globais e otimizamos os processos", ressaltou Teixeira. As novas ferramentas são empregadas também no desenvolvimento e qualificação de pessoal.
Fábrica perfeita - O tempo de concepção e fabricação de um produto, na visão de Angel Fiorito, diretor industrial da Iveco, está diretamente relacionado à competitividade das empresas. No painel ‘Em busca da fábrica perfeita’, o dirigente mostrou que a fábrica ideal é aquela que consegue traduzir as necessidades do mercado em produtos finais em menor tempo e com qualidade.
Para atender a demanda, até 2010 a Iveco investirá R$ 570 milhões no aumento da capacidade produtiva e lançamento de duas novas famílias de produtos por ano. “Nossa estratégia na criação de produtos parte das necessidades detectadas no mercado”, afirmou, demonstrando o esforço de aproximação da marca com clientes e prospects.
No mesmo painel Tarcísio Telles, diretor geral do Centro de Produção de Porto Real, da PSA Peugeot Citroën, destacou o modelo de produção 'lean' para elevar a produtividade e eliminar desperdícios. Telles enfatizou a importância de valorizar pessoas e buscar ser referência no mercado. “Simplificar processos, promover profissionais e treinamento são essenciais na melhoria contínua de processos”, resumiu.
Amadeu Dalceno, gerente de Gestão da Qualidade da Bosch; Luís Melloni, diretor industrial da Magneti Marelli; e Vagner Galeote, diretor de Compras da Ford, abordaram a manutenção de qualidade no ‘supply chain’ frente às altas demandas atuais. Foram unânimes em ressaltar a importância de promover investimentos contínuos para gerar crescimento sustentável. “Será preciso investir ainda mais para não comprometer a qualidade”, alertou Galeote.
Relação com fornecedores - Roberto Bastian, diretor de Logística da Mercedes-Benz, destacou os benefícios de uma relação de confiança com fornecedores que, associada com a venda programada, traz ganhos de competitividade e eficiência. Bastian mostrou como a montadora otimizou o relacionamento com os parceiros da cadeia de suprimentos criando times integrados para reduzir custos e melhorar a performance.
Trabalhar com os fornecedores para criar valor na cadeia de produção foi o tema de painel conduzido pela Delphi para a América do Sul. Gábor Deák, presidente da sistemista, disse que o desafio é obter ganhos de custos e qualidade realizando programas de desenvolvimento junto aos parceiros, com foco na gestão de processos, pessoal, tecnologia e custos. “Temos colhido ótimos resultados”, garantiu Edélcio Genaro, diretor de Compras da Delphi. Mais de duas dezenas de engenheiros especializados da empresa trabalham no programa de relacionamento.
No encerramento do simpósio, José Eugênio Pinheiro, vice-presidente de Manufatura da General Motors LAAM, explicou como ocorre a integração entre as fábricas da montadora. “O conhecimento adquirido em manufatura passou a ser comum para as 185 fábricas da companhia em todo o mundo. Com isso, otimizamos custos operacionais e de capital e ganhamos maior flexibilidade para atender, de forma rápida e eficiente, a demanda em cada região”, contou Pinheiro. |