Os estudantes de engenharia do Nordeste continuam a apostar muito no Projeto SAE Baja, apesar das enormes dificuldades com patrocínio. Com 11 equipes inscritas, a região será representada por universitários de 5 estados na XIV Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS, que será realizada entre os dias 13 e 16 de março, no ECPA (Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo), em Piracicaba, SP.
As 11 equipes (mesmo número de 2007) reúnem cerca de 120 estudantes de oito instituições de ensino da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os universitários trocaram as férias pelo projeto e construção de 11 Baja SAE exclusivamente para disputar a competição de engenharia, que possui 70 equipes inscritas, de 55 instituições de ensino, de 13 estados, além do Distrito Federal, Colômbia e Venezuela.
As duas equipes que obtiverem as melhores colocações ao final das provas dinâmicas e estáticas poderão representar o Brasil na Baja SAE Montreal, competição que será realizada pela SAE International, entre 11 e 14 de junho, em Montreal, no Canadá.
Estreante na Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS em 1996, com a equipe Car-Kará, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que dois anos depois presenteou o Brasil com o inédito título de campeão da Midwest Competition, nos Estados Unidos, o Nordeste cresce na competição brasileira, em participação ou mesmo nível técnico dos projetos.
TECNOLOGIAS - Com o desafio de reduzir custos do projeto para garantir a viagem – chega a custar mais que o dobro –, os estudantes buscam soluções para tornar os carros mais competitivos. Com isso, recorrem a ferramentas computacionais no desenvolvimento e teste dos projetos, aplicação de materiais leves, produção de suspensão progressiva para melhorar o desempenho de curvas e em saltos, em sistemas de telemetria e caixas de direção produzidos pelos próprios alunos, utilização de CVT e outras soluções. É o caso da equipe Car-Kará, que apresentará como maior inovação uma caixa de redução por engrenagens e com duas velocidades, que elimina a utilização de correntes e aumenta o desempenho dinâmico do conjunto.
Muitas das equipes têm o apoio das escolas e isso para os estudantes já é um ganho extraordinário em razão da bagagem de conhecimentos obtida ao longo do projeto. “O importante não é o carro em si, mas tudo que é necessário para ter o projeto pronto para ser testado”, resume Pedro Araújo, capitão da equipe UFPBaja Indelével, da Universidade Federal da Paraíba, que inscreveu mais outra equipe. “Não é a equipe que faz um Baja SAE, mas um SAE Baja que forma a equipe”, acrescenta. Ambas apostaram na dinâmica de frenagem e aceleração dos carros. Para isso, utilizarão dois inéditos sistemas de suspensão: multibraços e progressiva.
OTIMISMO – As equipes Mangue Baja I e Mangue Baja II, da Universidade Federal de Pernambuco, destacam-se como outra força do Nordeste na competição. Em 2007, a Mangue Baja I ficou em 15º e a Mangue Baja II com a 10º colocações da região. O otimismo é grande. “Os testes de campo comprovaram que temos tudo para nos sairmos bem na competição”, afirma o capitão da equipe Mangue Baja II, Luiz Cláudio Junior, que aponta como um dos feitos da equipe a diminuição de peso do carro: de 170 kg em 2007 para 120 kg.
Do estado pernambucano, participam também as equipes Corisco I e Corisco 2, da Escola Politécnica de Pernambuco. Já o Ceará será representado por duas equipes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade de Fortaleza (Unifor). “Estamos dentro do prazo, com os testes finais previstos para o começo de fevereiro”, avisa João Leonardo, capitão da equipe Mangabaju Racing, da Unifor.
Vilmar Fistarol, presidente da SAE BRASIL, destaca o caráter educativo da Competição Baja SAE. “A competição estudantil da associação possibilita o aprofundamento técnico dos futuros engenheiros, que passam a ter contato com desafios reais, similares aos que enfrentarão depois de formados”, afirma Fistarol, ao lembrar que os universitários brasileiros são tricampeões mundiais na categoria Baja SAE, em competições realizadas nos EUA.
COMPETIÇÃO - A Competição teve início em janeiro, com o envio de relatórios técnicos de cada projeto e segue com o desenvolvimento e construção dos veículos quase sempre dentro das instituições de ensino. Quando chegam em Piracicaba, os Baja SAE são submetidos a avaliações de segurança, aceleração, velocidade, manobrabilidade, tração e um enduro de resistência, com quatro horas de duração, realizado em pista de terra cheia de obstáculos. Além disso, a partir deste ano, as equipes deverão apresentar o projeto para uma banca de juízes, especialistas da indústria.
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