Com destaque para as novas tendências do setor, o Seminário Indústria Automobilística 10 Anos, realizado no último dia 8, em São Paulo em comemoração ao 10º aniversário do Grupo SMARTtech, estabeleceu um balanço da última década e apontou desafios a serem enfrentados pela indústria automobilística no futuro. A incorporação de novas tecnologias, o papel do 'engenheiro do futuro' e a preocupação com a segurança e o meio ambiente foram os principais temas abordados pelos palestrantes. Um dos principais distribuidores de software de engenharia do Brasil, o Grupo SMARTtech faturou US$ 4 milhões em 2006 (o dobro de 2004) e tem projeção de crescimento de 25% este ano.
O seminário marcou o anúncio do Centro Tecnológico de NVH e Durabilidade, o primeiro laboratório veicular para a realização de testes e simulações em ruído e vibração da América Latina, com investimentos na ordem de R$ 2,5 milhões feitos pelo Grupo. Ricardo Nogueira, diretor geral do Grupo SMARTtech, abriu o evento com destaque para a apresentação da inédita ilha tecnológica. "Com o crescimento da indústria automobilística e a grande demanda de carros, vamos preencher uma lacuna que existe no setor, prestando serviços de forma inovadora e gerando desenvolvimento para o País", comentou.
Em seguida, Paulo Braga, diretor da Automotive Business, destacou o aumento da produtividade e a busca por novas tecnologias como principais desafios da indústria automobilística. Braga abordou a preocupação com o meio ambiente, novas alternativas de combustíveis e o advento cada vez maior da eletrônica. "Fora isso, você tem um consumidor que busca veículos compactos, eficientes e silenciosos. A realidade exige desafios e responsabilidades. Enquanto a produção migra para países de baixo custo, a demanda cresce nos países independentes", disse Paulo Braga.
Na opinião de Braga, as invenções trarão mudanças significativas no cenário automobilístico. As novidades incluem veículos autoguiados e sistemas anticolisão. As transformações na indústria automobilística serão proporcionadas pelo powertrain e a disponibilidade de energia. "A velocidade de inovação é muito rápida. Nesse contexto, países emergentes como o Brasil, Índia, Rússia e China aumentarão significativamente a sua produção e terão papel fundamental nesse mercado", disse.
Fernando Pinto, presidente da PWT Consultoria, destacou as tendências em desenvolvimento de motores para o futuro, e abordou o tema Os Novos Cenários do Powertrain. "Responder a velocidade das mudanças é um desafio muito grande, pois novas idéias surgem a cada momento. Diante desse cenário, o powertrain deve incorporar sempre novas tecnologias, o que é uma tendência no mercado atual", afirmou.
O uso de materiais leves, recicláveis e mais sociáveis também farão parte do futuro do powertrain, segundo o consultor. "A tendência é que ele se torne cada vez mais flexível e incorpore tecnologia e desenvolvimento rápido. Além disso, o constante uso da simulação vai garantir também melhores configurações e desempenho", disse.
Novo perfil profissional - O papel do "engenheiro do futuro" também foi abordado durante o seminário. Preocupações com a maior expectativa de vida das pessoas, as novidades da era digital e a mudança no perfil das grandes cidades devem servir de alerta para o profissional do setor, na opinião de Flávio Campos, diretor da SAE BRASIL Seção São Paulo e diretor de Engenharia da Delphi para a América do Sul. "O modo como as pessoas se relacionam já está mudando. Hoje, a tecnologia permite que eu troque conhecimentos de forma rápida com uma pessoa do outro lado do mundo. O desafio é inovar sempre e, num mundo cada vez mais global, permitir cada vez mais essa interatividade", disse.
Buscar inovação, mas sem deixar de adequá-la ao perfil do consumidor já é uma realidade, segundo Campos. Nesse cenário, a falta de alternativas de energia e os conflitos do chamado "mundo moderno" devem ser levados em conta. "Capacidade técnica e conhecimento são fundamentais, mas o engenheiro do futuro deve estar sempre atento à realidade que o cerca, tendo a sensibilidade necessária para inovar sem esquecer o que realmente interessa para as pessoas em termos de necessidades", disse.
Em seguida, João Antônio Silva Filho, gerente de Engenharia da Ford Camaçari, falou sobre as tendências e o uso da simulação, a partir da experiência da montadora com a simulação computacional. "A idéia de que os analistas dominam computadores e nada sobre carros está mudando. A simulação computacional permite cada vez mais a redução do tempo e do custo e é uma tendência cada vez maior para o futuro", comentou.
Alexandre Nunes, gerente do Laboratório de Ruídos da GM, encerrou o ciclo de palestras com o tema "Tendências da Engenharia Experimental". "A maior dificuldade na realização dos testes está relacionada ao tempo e custo. A simulação computacional vem suprir essa carência. Atualmente, a engenharia experimental tem um papel fundamental, e a busca por carros eficientes, mas que atendam cada vez mais ao perfil do consumidor, é a tendência maior", disse.
Para Nunes, o desenvolvimento possibilitará maior ganho de tempo e economia das montadoras no uso de protótipos, durante os testes experimentais. "A idéia é testar rápido e, se possível, apenas uma vez, como buscam os especialistas. Para isso, serão necessários cada vez mais investimentos em laboratórios modernos e profissionais especializados", disse o engenheiro da General Motors do Brasil.
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