Se organizar em equipe para desenvolver um projeto competitivo nem sempre é tarefa fácil para o estudante. Pelo menos não foi para 60 universitários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que aceitaram o desafio de participar da IX Competição SAE BRASIL AeroDesign, a ser realizada de 4 a 7 de outubro, no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, SP.
Assim, os estudantes capixabas e cariocas desenvolveram e agora trabalham na construção de seis aviões em escala reduzida e radiocontrolados, conforme o Regulamento da Competição, que é realizada pela Seção Regional São José dos Campos da SAE BRASIL. A competição de engenharia tem 73 equipes inscritas, sendo 68 brasileiras (de 14 Estados e do Distrito Federal) e cinco do Exterior. Juntas, representam 50 instituições de ensino.
"Saíram alguns veteranos da nossa equipe e tivemos que nos reestruturar para desenvolver o projeto, mas aprendemos muito", comenta Daniela Brito, capitã da equipe Cegonha, formada por 12 alunos da PUC-Rio, que projetou uma aeronave para pesar 4,5 kg e capaz de carregar quase o seu dobro: 8,5 kg. O avião utiliza materiais leves e resistentes, como plástico reforçado com fibra de carbono; alumínio no trem de pouso e fuselagem; e madeira balsa na asa.
Na equipe Venturi, do Cefet/RJ, apenas dois dos 12 integrantes já participaram da competição. Por isso, a equipe optou por um projeto básico e, assim, aprender os principais conceitos da construção de uma aeronave simples, que pesa 6,3kg e é capaz de carregar até 10kg. Mas a simplicidade do projeto não eximiu a equipe de fazer muita pesquisa, que resultou na adoção de novas técnicas, como a utilizada para o corte das partes da asa, feita em madeira balsa. "Ao invés do corte manual, usamos o método a laser, que oferece mais qualidade", conta Leonardo de Souza Silva, capitão da equipe.
Ainda do Rio de Janeiro, estão inscritas na competição equipes da Universidade Federal Fluminense, Instituto Militar de Engenharia e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Capixaba - No Espírito Santo, quatro alunos da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) retomaram os trabalhos da equipe Aerovitória, ausente há dois anos da competição. Baseada em projetos anteriores, a equipe Aerovitória desenvolveu uma nova aeronave com 2,06 m de envergadura e de 3,5kg. "Nossa tarefa não foi fácil, porque a maior parte dos cálculos tiveram de ser refeitos para atender às novas do Regulamento da Competição", adianta Vinícius Deambrozi, o capitão da equipe.
Para Vilmar Fistarol, presidente da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign expõe o potencial dos futuros engenheiros aeronáuticos brasileiros, que já conquistaram diversos títulos na competição internacional, realizada nos EUA. "Neste ano, mostramos de novo para o mundo a capacidade de nossos futuros engenheiros para desenvolver projetos inovadores no setor aeronáutico", afirma Fistarol, ao se referir à equipe EESC-USP OPEN, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, que se sagrou campeã da Classe Aberta na SAE Aerodesign East Competition, em maio.
Competição - Reunidos em São José dos Campos de 4 a 7 de outubro próximo, os aviões serão submetidos a uma bateria de avaliações em duas etapas distintas: Competição de Projeto e Competição de Vôo, em atendimento ao Regulamento da Competição, disponível no site da SAE BRASIL (www.saebrasil.org.br). Ao final, as duas equipes da Classe Regular e a primeira da Classe Aberta que obtiverem a maior pontuação poderão representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition 2008, competição equivalente promovida, nos EUA, pela SAE International, sociedade da qual a SAE BRASIL e equipes brasileiras acumulam, desde 2001, histórico de relevantes participações, incluindo o título de campeão na Classe Aberta e campeão na Classe Regular, em duas e três oportunidades respectivamente.
Os aviões se dividem em duas categorias: Classe Regular, projetados exclusivamente por alunos de graduação, com dimensões máximas definidas por um sólido com diagonais de 2,4m x 2,8m e altura de 0,7m, e usam motor padrão de 10 cm3; e Classe Aberta, projetados sem restrições dimensionais, desenvolvidos também por alunos de pós-graduação, e com motor de até 15cm3. Na Competição de Vôo, todos os aviões devem percorrer no máximo 61m para decolar e 122m no momento do pouso.
O Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais instituído pela SAE BRASIL, uma sociedade de engenheiros da mobilidade, cujo principal objetivo é propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeroespacial entre estudantes e futuros profissionais deste importante segmento da mobilidade, através de aplicações práticas e da competição entre equipes.
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