Carros leves e com sistemas de frenagem e dirigibilidade eficientes para completar as provas. É assim que as três equipes de estudantes de cursos de engenharia, da Grande São Paulo, se preparam para disputar a III Competição SAE BRASIL-PETROBRAS de Fórmula SAE, que acontece de 5 a 8 de outubro, no Museu Aeroespacial (avenida Marechal Fontenelle, 2000, Campos dos Afonsos), Rio de Janeiro. A competição de carros desenvolvidos e construídos por estudantes reunirá 10 equipes, de seis Estados brasileiros e da Venezuela. Da Grande São Paulo participam as equipes Fórmula Unip, da Universidade Paulista; Fórmula FEI, do Centro Universitário da FEI (Fundação Educação Inaciana); e Mauá Racing, do Instituto Mauá de Tecnologia.
Disputar a Competição com um motor diferente da maioria das equipes é a estratégia da equipe Fórmula Unip, que desde 2004 estudava um motor de um cilindro e não quatro. Carlos Alexandre Ferreirinha, capitão da equipe, explica que, apesar de baixa potência, o motor monocilíndrico é mais leve e gera bom resultado nas provas dinâmicas e em circuitos travados como os da Competição. “Uma prova da eficiência é a aplicação desta configuração de motor pelas atuais equipes campeãs de competições norte-americanas”, afirma Ferreirinha, que aponta, ainda, como outro ponto forte do projeto o uso da eletrônica embarcada. Um computador instalado no carro vai permitir a equipe controlar, à distância, as configurações do carro em tempo real. A Fórmula Unip foi a quinta equipe colocada no passado.
A equipe Fórmula FEI aperfeiçoou o carro do ano passado e agora o veículo pode atingir 100 k/h em 3,8 segundos e voltar à velocidade nula em 22 metros. O carro da equipe foi projetado com a ajuda de softwares de simulação, o que resultou na melhoria da qualidade das peças e na diminuição do tempo de projeto. O sistema de freios é a disco nas quatro rodas e independente nas partes dianteira e traseira. “Isso vai ajudar no desempenho das provas dinâmicas da competição”, calcula Lucas Elias, o capitão da equipe, que em 2005 foi a terceira colocada.
Já a equipe Mauá Racing, que estréia na Competição este ano, aposta em um carro com três amortecedores, sendo dois atrás, que funcionam com mola a ar, e outro único na frente, instalado dentro da carenagem para diminuir o arrasto do carro. Para diminuir o peso estrutural do carro a equipe optou pelo alumínio na construção do veículo, exceto em algumas áreas que exigem a presença do aço. “Estamos confiantes quanto ao nosso desempenho na Competição”, diz Rodrigo Luis Campanha, capitão da equipe.
Além das equipes paulistanas, outras sete equipes, do Brasil e da Venezuela, estão inscritas na Competição. Do interior paulista competem a atual bicampeã brasileira Solid Edge EESC-USP, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, e a vice-campeã brasileira, equipe V8, da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens). A equipe Atena, do Centro de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet/MG) é a única mineira na Competição.
A equipe Ícarus UFRJ, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, será a única participante carioca. Participam, ainda, as equipes Apuama, da Universidade de Brasília (UNB); a UFC Esporte Motor, da Universidade Federal do Ceará (UFC); e a F-SAE UNEFM, da Universidad Nacional Experimental Francisco de Miranda, da Venezuela.
COMPETIÇÃO - Durante quatro dias de Competição, os carros são avaliados desde a concepção técnica (projeto, relatórios de engenharia e inspeção técnica dos veículos) até a viabilidade comercial (relatório de custos e apresentação de produto). Além disso, as equipes enfrentam provas dinâmicas, como testes de aceleração, frenagem, manobrabilidade, economia de combustível e desempenho em pista.
Ao final das provas estáticas e dinâmicas, as três equipes melhores classificadas na Competição ganham o direito de representar Brasil em duas competições internacionais realizadas nos EUA pela SAE International. A equipe campeã participa da tradicional Formula SAE, em Michigan, enquanto a vice-campeã e a terceira colocada participam da Formula SAE West, na Califórnia, onde este ano, a equipe V8, da Facens, recebeu dois prêmios, o de Melhor Equipe Iniciante (Willian C. Mitchel Rookie Award) e o prêmio para a equipe que mais demonstrou garra para vencer os desafios da competição, o SAE Perseverance Award, além de ter sido a primeira colocada na Prova de Custos.
A Competição SAE BRASIL-PETROBRAS de Fórmula SAE estimula os estudantes de engenharia a projetarem e construírem veículos de corrida do tipo Fórmula com motor 4 tempos de 610 cm³ (no máximo), de acordo com regras definidas pela instituição. Atualmente, a competição acontece em cinco países: Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Brasil, que passou a integrar o circuito mundial em 2004. Os veículos Fórmula SAE nasceram nos Estados Unidos na década de 70.
Segundo o engenheiro Gábor János Deák, presidente da SAE BRASIL, a Competição SAE BRASIL-PETROBRAS de Fórmula SAE tem como objetivo ampliar a capacidade de desenvolvimento tecnológico dos estudantes brasileiros de engenharia automotiva, ao propor desafios semelhantes aos encontrados em uma equipe de Fórmula profissional. “A proposta da SAE BRASIL nesta competição é trazer para o universo de desenvolvimento acadêmico uma maior especialização para os estudantes de engenharia e, nada melhor do que o projeto e execução de um veículo tipo fórmula para atingirmos este objetivo”, afirma Deák.
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