Estudantes de engenharia do Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco e Bahia construírem oito aviões radiocontrolados, em escala reduzida, para disputar a VIII Competição SAE BRASIL AeroDesign, que acontece de 21 a 24 de setembro, no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos. Durante quatro dias, os futuros engenheiros terão suas aeronaves avaliadas por meio de provas orais e baterias de testes de vôo. Participam da competição 78 equipes, de 13 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal, Venezuela e Portugal.
A equipe Aeromec 1, formada por alunos da Universidade Federal do Ceará, trabalha em um avião projetado para atingir alta velocidade em solo (57 km/h) e assim ganhar força e leveza no vôo. Os estudantes aumentaram o tamanho das rodas do trem de pouso de 70 milímetros para 120 milímetros, para diminuir o atrito com o solo. “Estamos confiantes de que ele fará um bom vôo”, acredita André Luiz Moura, capitão da equipe, que em 2005 não conseguiu completar a Competição de Vôo e acabou na 39ª colocação. O avião tem 1,80 metro de distância entre uma ponta e outra da asa (envergadura), pesa 3,5 quilos e foi projetado para transportar em vôo entre 8 a 9 quilos de peso.
Levar um avião mais leve para a Competição de Vôo também é uma das metas da equipe Orungan, da Universidade Federal da Bahia, que optou pelo uso de fibra de carbono na longarina e fuselagem, por considerar o material mais leve e resistente. Já a preocupação da equipe Zeus, da Universidade Estadual do Maranhão, está em localizar o centro de gravidade exato para melhorar estabilidade do avião. “Anexamos o motor na parte frontal e superior da fuselagem da aeronave para evitar que a hélice encoste no chão durante o pouso e decolagem”, esclarece Kerlles Rafael Pereira Sousa, capitão da equipe. O avião da equipe Zeus possui 2,16 metros de envergadura.
EXPERIÊNCIA – Apesar de não ter ficado no pódio em 2005 (7ª colocação), a equipe Car-Kará, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que acumula um excelente histórico - foi campeã nacional em 2003 e 2004 e campeã nos Estados Unidos em 2005 - está confiante com o avião biplano que desenvolveu para participar da Competição. “Construímos uma aeronave visando aproveitar melhor o espaço do hangar imposto pelo Regulamento da Competição“, afirma o capitão Antonio Marcos Medeiros.
A UFRN também terá uma equipe participando pela Classe Aberta na Competição, a Car-Kará Open, vice-campeã brasileira em 2004 e terceira colocada nos EUA em 2005. Este ano os alunos construíram um avião monoplano, de 4,5 metros de envergadura, com o objetivo de carregar até 25 quilos.
Além destas equipes, mais três equipes do Nordeste estão inscritas na Competição, todas pela Classe Regular. São elas: a equipe Aeromec 2, da Universidade Federal do Ceará; equipe Guará, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão (Cefet/MA); e equipe Mandacaru, da Universidade Federal de Pernambuco.
Organizada pela Seção São José dos Campos da SAE BRASIL, a Competição, de cunho educacional, é realizada anualmente desde 1999, visando estimular universitários de graduação e pós-graduação em Engenharia, Física e Ciências Aeronáuticas a projetarem e construírem aeronaves radiocontroladas, em escala reduzida, e que depois são colocadas à prova, em duas etapas – Competição de Projeto e Competição de Vôo. De acordo com o Regulamento da Competição – disponível no site da SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br -, os aviões devem ser capazes de decolar e transportar cargas úteis (barras de chumbo) sempre crescentes, até as condições limite do projeto. Ao final da Competição, as duas melhores equipes da Classe Regular e a melhor equipe da Classe Aberta ganham o direito de representar o Brasil durante a SAE AeroDesign East Competition, competição equivalente realizada nos EUA e organizada pela SAE International.
CATEGORIA - As aeronaves da Classe Regular, projetadas e construídas somente por estudantes de graduação, devem ter suas dimensões máximas de envergadura, comprimento e altura definidas por um sólido (ou hangar) e possuir um compartimento de carga com as dimensões mínimas de 10,1cm x 15,2cm x 25,4cm. Além disso, os aviões utilizam motor padrão pré-estabelecido pelo regulamento, de 10cc (0,61in), e combustível fornecido pela SAE BRASIL. Já na Classe Aberta, participam estudantes também de pós-graduação, que devem desenvolver aviões com um ou mais motores, até o limite de 15,08cc (0,92in3), sem restrições dimensionais. Para ambas as classes, a distancia máxima de decolagem é de 61 metros.
Gábor János Deák, presidente da SAE BRASIL, ressalta que a Competição SAE BRASIL AeroDesign mostra o poder criativo dos engenheiros brasileiros no desenvolvimento de soluções práticas. “Os projetos realizados no âmbito da Competição SAE BRASIL AeroDesign são de excelente qualidade técnica e refletem a capacidade dos futuros engenheiros especializados em projeto aeronáutico no Brasil”, diz Deák. “Não é à toa que este é um setor em que o País ganha cada dia mais destaque no cenário internacional, tanto que os estudantes brasileiros já são tricampeões na Competição, nos Estados Unidos”, comenta Gábor János Deák.
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