Após conquistarem o 3º lugar na competição de 2005 - melhor colocação da região Sul - os estudantes da equipe Uiraçu, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), estão ainda mais confiantes para a 12ª Competição SAE BRASIL-PETROBRAS de Mini Baja, entre os dias 30 de março a 2 de abril, em Piracicaba, SP. Apesar da falta de recursos para o projeto, os futuros engenheiros apostam em soluções criativas para enfrentar as 67 equipes adversárias. "Desenvolvemos um sistema de suspensão pneumática, que além oferecer mais conforto, possibilita a regulagem da altura do carro, essencial para dar mais estabilidade em terrenos acidentados", conta o capitão da equipe, Antonio Carlos Guimarães Neto.
Parceira da Uiraçu, a equipe Ilhéu, outra da UFSC, que ficou em 6º lugar ano passado, também tem ótimas expectativas. O diferencial do carro da equipe é a caixa de marcha acoplada ao CVT que, além de permitir a variação contínua das relações de marchas, proporciona mais controle do veículo, ideal para as provas dinâmicas. "No teste de tração, por exemplo, podemos diminuir a marcha e ainda ter a elasticidade proporcionada pelo CVT", explica o capitão da Ilhéu, Rafael Peixoto Ferreira.
Ao todo, disputam 68 equipes de 51 universidades de 13 Estados brasileiros, além de Brasília. O Sul será representado por 16 equipes, duas a mais que em 2005. Além da Ilhéu, Uiraçu e outras quatro equipes catarinenses, a competição terá dois projetos do Paraná e oito do Rio Grande do Sul (lista abaixo).
As duas primeiras escolas que alcançarem a maior pontuação na classificação geral das provas ganham o direito de representar o País na SAE Midwest Mini Baja, a ser promovida em maio deste ano pela SAE International, onde o Brasil é bicampeão.
REDUÇÃO DE PESO - Três equipes apostam no baixo peso dos veículos. Assim como a Velociraptor, da Universidade Federal de Santa Catarina (UDESC), 7ª colocada na classificação geral em 2005, que construiu um chassi com tubos de aço de alta propriedade para reduzir de 200 kg para 170 kg o peso do veículo, a paranaense Piá de Mini Baja, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e a gaúcha Bombaja, da Universidade Federal de Santa Maria, também optam por materiais mais leves, como o aço e alumínio, para chegar ao peso de 160 kg. Já a estreante Tupy, do Instituto Superior Tupy, de Santa Catarina, investe em softwares de simulação para projetar os sistemas de freio, suspensão e trem de força.
A SAE BRASIL-PETROBRAS de Mini Baja, realizada pela SAE BRASIL (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), é inspirada na SAE Midwest Mini Baja, que nasceu em 1976 na Carolina do Sul (EUA). A competição estimula o trabalho em equipe e vivência, na prática, das lições aprendidas na universidade. "É um grande laboratório de talentos para a indústria", destaca o diretor da competição, Massami Murakami.
COMPETIÇÃO - Os SAE Mini Baja são veículos projetados e construídos por alunos de graduação em Engenharia, de acordo com as regras definidas pela SAE BRASIL - www.saebrasil.org.br. O veículo é um protótipo de estrutura tubular em aço, monoposto, para uso fora-de-estrada, que deve ter quatro ou mais rodas e ser capaz de transportar pessoas com até 1,90m de altura, pesando até 113,4 kg. Sistemas como suspensão, transmissão, freios e o próprio chassi são desenvolvidos pelos alunos, que utilizam ainda um motor padrão de 10 HP. Além disso, é tarefa das equipes buscar suporte financeiro para viabilizar o projeto.
A competição inicia com o envio dos Relatórios de Projeto e Custos em janeiro, período em que muitos veículos ainda estão em construção dentro das faculdades, e encerra com a realização de provas estáticas - são avaliados itens como conforto do operador, produção em massa, facilidade de manutenção, qualidade de montagem, conformidade do projeto e originalidade - e dinâmicas - tração, manobrabilidade, aceleração, velocidade máxima, subida de rampa e um enduro de quatro horas em uma pista de terra especialmente preparada, com obstáculos que submeterão os carros e seus pilotos a uma prova severa de durabilidade e resistência. As equipes são formadas por, no máximo, 20 estudantes e um professor orientador. É permitida a participação de até duas equipes por faculdade.
Gábor János Deák, presidente da SAE BRASIL, destaca a Competição SAE BRASIL de Mini Baja como a principal competição nacional de veículos motorizados projetados e construídos por estudantes universitários. Segundo Deák, a competição revela os novos talentos que no futuro serão os engenheiros-chefes e diretores de montadoras e demais empresas do setor da mobilidade. "Os projetos de Mini Baja são completos e com eles os estudantes desenvolvem habilidades técnicas e também humanas, pois o sucesso depende muito do trabalho em equipe", afirma.
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